Ana Vífer

Ana Vífer

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Do nosso amor, poetizado e vivo.

Eu que andava dura, calada, crítica, sismada. Não ria por bem, sorria como quando um menino vê o tombo de alguém. Eu que ironizava os sentimentos alheios, ainda silenciosa pedia a Deus de joelhos que pudesse me dar freios. Sem onde ir, eu preferia ficar no meu quarto onde eu mandava, mas a verdade é que tão só com meus livros ficava e não sabia sair, mesmo querendo muito ir. Ir procurar novos horizontes, pessoas que riem aos montes, alguém que risse pra mim, só pra mim, simples e ingênua como eu vim. A solidão é a cura para os que precisam desesperadamente sentir o amor, mas também é a dor quando o tratamento acaba, seu mundo desaba e você precisa correr pra se abrigar nos braços de alguém que como ninguém posso te segurar. Corri em círculos, meus circuítos estava começando a pifar, fugia de mim, das noites sem fim que eu ficava a imaginar sua doce loucura, sua ternura ao me elogiar em meio à suas farpas e tapas, nossos beijos estavam pra chegar. Tão lindo, sorrindo, sorria eu também em um piscar. Em um simples cumprimento, meu involuntário movimento sem que você visse era repousar, repousar meus dias maus no seu humor, enfim, inesperadamente recheado de amor. Lutava minha cabeça com cabeçadas, brigava meu coração com argumentos, conversando com meu estômago que vivia a borboletear cada vez que um "boa noite" ficava a ressoar até meu amanhecer, quando eu queria meu acordar suscitado por você. Deus! E como não reconheci? Como sobrevivi sem te deixar encostar na esquina do meu coração, frio, vazio e sem iluminação? Não quis dar o braço a torcer, mas quando sua ausência começou a doer eu me rendi, eu percebi, eu reabri a porta e o sorriso da minha vida até então sem sentido. Meu amigo, quando a madrugada dançava em solidão. Meu querer, quando a indecisão bastou pra eu ver você. Minha entrega, quando eu quebrei todas as regras. Meu amor, quando eu nos fiz esse favor. Então cá estou eu, finalmente desbrutalizada. Quem me olha mal pode crer que sorrio toda vez que falam de você e que ando comovida com declarações puras, me auto-denomino "sua" e daqui não sei voltar, não quero e não vou. Poesias ficam literais, às vezes alguma música se desfaz mediante seu jeito de dizer "meu amor". Eu tinha medo de acordar do sonho, mas é real demais e quando eu olho para trás vi que o pesadelo estava lá e o melhor que vivo hoje é acordada esperando a hora de te encontrar.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Um mês ♥

Eu lembro do dia que eu te vi pela primeira vez, lembro da sua roupa, de como cantou, o que fez e lembro de ter te visto me olhar. Lembro que no início eu tinha uma resistência enorme com você porque de fato alguma coisa me impressionou de imediato e eu não sabia bem como agir. Lembro que os assuntos fluíam naturalmente e dia após dia a necessidade de falar com você vinha me dizer que eu estava amolecendo, aparentemente sem motivo. Meu amor, cada canção que você escolhia pra me mandar amolecia mais meu coração, cada vez que eu sentia sua atenção toda pra mim, eu me imaginava do seu lado e enfim, não pude evitar te querer. Eu senti você se distanciar e no fundo eu sabia que a culpa era minha, foi ai que eu decidi saber o que estava acontecendo com você e felizmente era só seu coração me dando sinais que eu não conseguia ver. Quando demos por nós, "nós" já não era mais uma palavra, era um sentimento de pertencer, e eu não via a hora de estar com você. Cada hora parecia longa demais e quando eu te vi assim tão de pertinho, eu soube que não era fogo de palha... era você. O beijo fez nossos corações conversarem e a voz fez o medo se calar. Estamos aqui vivendo um sonho e mais do que isso, não temos vontade e nem intenção de acordar. Eu prometo fazer tudo o que alguém vivo pode fazer para ser sempre a pessoa pelo qual você se apaixonou e sei que você fará o mesmo. Um mês e eu não sei mais ficar sem seu sorriso, sem seu olhar, sem sua voz... sem você. Finalmente posso dizer que eu amo você.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Os primeiros passos...

Às vezes parece mentira, sabe? Como alguém pode gostar assim de mim, sabendo quem eu sou? Como alguém pode querer continuar anos e anos comigo até o fim da vida? Me pergunto: será fogo de palha? Ai ele vem e me prova mais uma vez que eu estou errada e que apenas antes não fui valorizada. E me vem uma vontadezinha de chorar, mas não é tristeza. Me pergunto como ele consegue me conquistar todos os dias e peço ao Senhor que isso não acabe, que supere qualquer crise e qualquer dúvida, que supere nossa humanidade, porque sentimentos vem de Deus. Me dá uma angústia, uma agonia, e eu fico querendo saber quanto tempo vai durar e se vai durar... Outra vez ele me surpreende com um carinho que eu NUNCA recebi na vida de nenhuma outra pessoa. Faz planos comigo, me inclui em tudo e me deixa a par da vida dele sem eu ter que perguntar. Compreende meus medos, guarda meus segredos e quando eu quero ficar com medo, ele me faz rir. Ele nem sabe que as vírgulas dele compõem a minha história de um jeito único, ele nem desconfia que eu sonhava com o jeito dele, com o caráter dele, com a música dele e com o jeito dele me abraçar. Eu me perguntava: quando, Senhor? E Deus me deu respostas em ações. Eu sinto medo ainda, como todo ser humano sente quando o que tá no peito transparece fácil no olhar. Dá medo do sentimento do outro acabar, do outro enjoar. Mas basta sentir a atenção que ele me dá e eu não sinto mais nada, só felicidade. Da minha vida inteirinha, cheia de experiências fortes, é a primeira vez que eu me sinto encorajada a continuar. Não por força das circunstancias, mas por tudo que ele é... sem hesitar. São os primeiros passos do nosso amor...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Meu coração respira aliviado, ele está do meu lado mesmo quando está distante. E eu nem sei explicar bem o que acontece, cada vírgula combina, os pensamentos dançam em conjunto, meu compasso acompanha o dele.
Meu príncipe não tem coroa, tem boné; não usa espada, usa guitarra; não precisou ser encantado... precisou ser ele mesmo.
E parece que faz tanto tempo, quando na verdade mal começou.
Eu fico parada no sorriso dele, no humor dele, na maturidade dele, nele... todo ele para minha dureza, minha esperteza, e eu derreto com o calor da voz dele.
Veio na hora certa, sem atraso e nem adiantamento, veio do jeito certo. Simples como devia ser, doce a ponto de roubar todos os meus sorrisos.
Preto, daqui pra frente eu não vou parar de te olhar...

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Preto...

Preto, é com você que eu adoro falar todos os dias desde o dia em que você amanheceu aqui. Eu criava tantos poréns, mas eu tive que me render em homenagem a todos aqueles sorrisos que você me fazia dar enquanto disfarçava que do meu lado queria estar.
Todas aquelas músicas, todas aquelas frases soltas, todas as intenções perdidas no ar e a gente sonhava em silêncio, cada um no seu lugar. Eu suspeitava, você se perguntava, nós calávamos o inevitável, esse segredo não dava mais pra guardar.
Você se culpava e ainda bem que fui rápida pra te resgatar.
Um dia ficou impossível, eu tinha ciúme, você e só você fazia sentido e eu tive que saber que tamanho tinha, qual era a proporção do seu querer.
Eu te xingava te elogiando, te queria me detestando pela confusão que eu estava criando. Mas eu reagi.
Agora a minha vontade é espalhar, mas a cautela me desacelera e me faz esperar dia após dia a hora de falar pra todo mundo: "esse nego é meu!".
Eu estou naquela fase que tudo lembra você e eu acho que não vai passar, porque nós somos diferentes de todos, porque meu coração te assediou enquanto passava na rua, disse "psiu" pro teu coração reboloso, pretinho e charmoso.
Como diria Emicida, os pagodes mais melosos fazem agora sentido, estamos ambos perdidos e eu sinceramente não quero me achar.
Que sejamos o R&B mais gostoso de ouvir, que nós não paremos de tocar no fundo do peito um do outro e que a playlist não seja curta, aliás, que não tenha fim.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Eu guardaria cada nota da sua essência, esse teu cheiro de verdade, essa tua paciência comigo, com a minha falta de vergonha na cara... você se vira bem com tudo que eu falo tão explicitamente. Eu que sou tão avessa, azeda, irônica, como você faz pra aguentar toda vez que de longe te puxo e de perto te solto?
Tão fácil rolar assunto aqui entre nós, nas nossas madrugadas secretas, onde eu digo que preciso dormir antes que o dia amanheça se não o sono some e você diz que vai também e nós vamos, cada um pro seu canto, ligados no mesmo encanto das incógnitas pairando no ar.
E o sono demora pra vir, porque eu ainda não se devo ficar ou se devo partir.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O que eu desejo.

O que eu quero em um homem?
Que ele me faça rir muito mesmo quando eu quero chorar, que ele me faça chorar de agradecimento a Deus pela vida dele na minha vida.
Que ele ame a Deus como eu amo, que seja bom e não perfeito. Que seja honesto com ele mesmo, assim será com os outros também. Que não seja pateticamente romântico, mas que seja romântico com suas ações, sua fidelidade e sua responsabilidade pela minha vida.
Não precisa me bajular e nem ficar gritando amor por mim para os quatro ventos, tem que me dizer que ama baixinho no ouvido, ou só fazê-lo ao olhar dentro dos meus olhos.
Não quero um homem rico, cheio de manias e frescuras... eu quero um homem equilibrado com as suas finanças, que goste do crescimento, que coma de quase tudo e me ache "tchutchuca" de pijama e óculos. Gosto de aliança no dedo, mas mais do que isso, gosto de aliança de coração.
Pensamentos que se cruzam, que se ajudam. Alguém que lembre de mim nas orações, e que toda vez que a tentação vier policie a si mesmo e me incentive a me policiar.
Quero quem goste de tocar ou cantar e que faça isso bem feito, seja musicalmente exigente.
Não quero um poeta, quero um comediante. Não quero um top model, quero um homem que se cuide. Não alguém de fala vazia, mas alguém que preencha minha cabeça e acrescente sossego, não preocupação.
É por isso que eu espero.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Lábios que repousam, corpos que esperam.

Meus lábios repousam na espera do que o Senhor me dará para beijar, preservo o corpo como um templo onde as relíquias do Senhor estão sendo guardadas. Não existe espaço para invasores, para aproveitadores, para exploradores. O que existe em mim não é meu, não posso emprestar, não posso deixar que seja espalhado, violado... dessa vez, serei segurança do meu espírito para que ele não se misture com aqueles que Cristo desconhecerá no grande dia.
Eu sou exemplo de como a graça se manifesta, de como o perdão habita, de como a iniquidade vai embora, não sou como eu costumava ser, eu me reservo para quem saiba entrar para ficar eternamente. Sou acesso livre do Espírito Santo, como poderia então deixar que pés sujos passem pelo caminho santo que demorei tanto para construir em mim?
Ainda que tentada eu esteja, ainda que me sinta só, ainda que meu corpo humano e frágil às carências me peça uma trégua eu não abro mão de manter esta morada limpa.
Não foi fácil chegar até aqui cercada de convites, cercada de cheiros e cores, de lembranças e sabores... Mas desde que o sangue de Cristo me limpou é questão de honra me manter aguardando o tempo dEle sem manchas, sem máculas, como noiva redimida e renovada. Com vestes de piedade, enfeitada da mais pura fidelidade que Ele mesmo me vestiu.
Felizes são os homens que desprezam o passado de uma noiva e a toma como joia antes bruta e agora lapidada. Felizes aqueles que preservam e ajudam a noiva para que esse templo continue em bom estado para habitação do Santo Espírito de Deus. Agraciados são os que não seduzem e não induzem suas noivas ao pecado, e isso é válido para as noivas, mas antes honram ao Senhor também mantendo seus corpos lugar santo onde o Senhor goste sempre de estar. Abençoados os que sabem que a santidade não é ação a ser praticada apenas pelas mulheres e abençoadas aquelas que se preservam mesmo depois de terem se perdido alguma vez.
O Redentor cruza os caminhos dos que buscam tal coisa e os abençoa pela sua força para santificar-se. O Senhor prepara o melhor e não devemos ter dúvidas dessas coisas, o Senhor é fiel para com aqueles que parecem retrógrados e ultrapassados perante o mundo, crê e pratica aquilo que lê na Palavra.
Depois de tanto dar voltas, finalmente chegaremos então ao centro da vontade de Deus.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Esperar, esperar, esperar...

Estranho sentir saudade do que não te pertence, sonhar com propriedade com o que ainda não aconteceu. Querer um cheiro conhecido de alguém desconhecido, querer ouvir uma voz familiar do qual não existe intimidade.
Mais estranho ainda é sentir paz nisso apesar da ansiedade. E eu que pensava que minhas borboletas tinham ído embora do meu jardim, eu que pensei que demoraria tanto, eu que me vi louca por atenção antes, hoje consigo esperar tempo após tempo sem temer nada.
Existe uma busca dentro de mim que vai além de querer alguém ao meu lado, eu quero primeiro Deus, depois quero a mim mesma e o imã nasce no coração do outro a partir disso. Louco como tudo pode estar debaixo do nosso nariz, mas o processo é demorado mesmo porque eu precisava crescer, uma menina não cuida de uma família com sucesso, mas uma mulher o faz com exatidão.
Ainda não existe nada, mas uma chama dentro do meu coração parece me dizer que com calma tudo se ajeita no lugar.
Esperar, esperar, esperar... confiar, confiar, confiar... segredos que Deus nos ensina na dor, dores que nos habilitam, habilidades que nos embelezam, beleza interior que transparece, transparência que atraí quem podemos enfim primeiro querer bem e um dia amar.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Silenciando


Um dia inteiro de silêncio fora da minha cabeça, dentro dela um carnaval de conclusões, nas avenidas do meu cérebro muitas buzinas de decepção, nos bairros afastados estão as boas lembranças, e bem aqui no centro o que há é uma falta de respostas um "não sei" bem grande no maior letreiro dos meus pensamentos.
A verdade é que meu coração não sente mais o que sentia, mas algumas vezes dói um pouco. A verdade é que o descaso fez uma ferida enorme dentro de mim, e minha humanidade me impediu de ficar segurando as lágrimas por muito tempo, por anos de tempos em tempos eu chorei e chorei tanto que as lágrimas secaram.
Agora eu vivo como um barquinho a deriva, enfeitado com cores e sons que nenhum porto vê e quando vê não tem tudo que eu gostaria que tivesse, eu me sinto no direito de escolher.
A espera está me fazendo crescer, mas também anda me silenciando. ww

terça-feira, 5 de junho de 2012

Menina legal x Menina chata

A menina legal acha sua barba crescendo um charme e esfrega o rosto nela. A menina chata não te beija se você não fizer a barba.
A menina legal fica amiga das suas amigas e até as rouba de vez em quando. A menina chata dá chilique e morre de ciúme delas.
A menina legal pode até não saber jogar vídeo game, mas ela aprende ou no mínimo assiste. A menina chata te manda desligar o game e pede atenção o tempo todo.
A menina legal te liga pra te fazer dar risada e no final da conversa dizer que te ama, deixando uma sensação de paz. A menina chata te liga pra falar abobrinha e ainda te deixa intrigado com algumas coisas.
A menina legal te dá uma segurança, mas também não te deixa totalmente à vontade, te faz sentir necessidade. A menina chata fica te fazendo ciúme.
A menina legal quer passar todos os momentos ruins com você, ela descobre o que você gosta de comer e também o que te faz sofrer, te aconselha, fala a verdade e não fica passando a mão na sua cabeça pra te agradar. A menina chata gosta de "momentos fúteis", te conhece superficialmente, só fala idiotisses, diz milhares de coisas pra te agradar.
A menina legal passou por um monte de coisas ruins, foi deixada, às vezes sofreu muito até te encontrar e mesmo assim, por gostar de você demais tentou mais uma vez. A menina chata acha que já amou alguém e se você terminar com ela, amanhã ela já tá colocando no Facebook milhares de indiretas baseadas em textos de Caio F. Abreu e Tati Bernardi (sem generalizar).
A menina legal respeita você, sua família, deixa claro o passado, planeja o futuro, não fica te dando ordens e te aprende, te decora. A menina chata mente sobre coisas bobas e vai criando bolas de neve sobre isso, não gosta de um monte de gente da sua família, pensa só nas datas comemorativas e acha que você é um poodle adestrado que ela pode mandar, não confia em você, não conhece seu íntimo e nem se esforça pra isso.
A menina chata quando sai com os seus amigos não consegue socializar, não ri junto, não canta junto, não sorri e quando perguntada sobre a reunião com os seus amigos, diz que foi legal quando no fundo queria ir embora logo. A menina legal tenta pelo menos se ajeitar, conversa e quando alguma coisa a desagrada, com carinho ela expõe aquilo que não gostou, mas não finge.
A menina legal é o que é. A menina chata acha que é melhor do que alguém.
A menina legal sabe que nem sempre é inveja, reconhece que tem gente que não curte ela mesmo. A menina chata acha que o mundo inteiro sente inveja dela.
A menina legal é inteligente. A menina chata acha que é inteligente.
A menina legal ama você. A menina chata só quer você como propriedadezinha, para exibição.
A menina legal não vai tentar te mudar a qualquer custo. A menina chata é CHATA.

Mas sabe o que é pior, é que vocês ainda preferem as meninas chatas.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Vazio.

Existe um tipo de vazio que de tão vazio não tem nome. Não é de espírito, não é nada da alma, com certeza é do coração.
Essa incompletude, essa controversa satisfação estará sempre vinculada à uma saudade de algo que ainda não conheci e que não faço idéia de quando conhecerei. É bom sentir um espaço dentro de mim que causa uma busca, me faz mais apta a conseguir o que sonho. Mas sentir esse vazio também me dá um nó na garganta e dá a dor de uma ausência sem remetente.
É tão estranho esperar por algo desconhecido e me pegar durante os inícios das manhãs idealizando e imaginando, fugindo e relutando, para não criar na cabeça um tipo ideal de pessoa a quando tiver nas mãos o necessário, destrair-me e desperdiçar o amor pelo superficial desejo de ter aquilo que sonhei... Futilidades à parte, ele deve ser para mim e não idealizado por mim.
E quando dizem que tá cedo, que eu não devo me preocupar, vêem em mim uma menina em pleno vôo em destino às oportunidades da vida, pronta para desfrutar de tudo que bons estudos e um bom trabalho podem dar. Pessoas tão vazias quanto eu, vislumbrando para o outro um conforto financeiro, esquecendo-se do amor, relevando a finalidade dos sentimentos de pessoa para pessoa.
Eu me recuso a fazer parte dessa massa, eu preciso do calor de pés quentinhos ao lado dos meus, da esperança de ser somada homogeneamente a uma outra vida, fazer com que minhas mãos tenham passarela de uma face ligeiramente barbada e alvinha para desfilarem em curso terno e passivo.
Ser mãe e ter problemas com o sono por conta do bebê que dá trabalho, pessoas que eu possa alimentar e que me requisitem o tempo inteiro - "Mãããe! Amooor!" - perguntas que irritariam qualquer pessoa, me fariam disseminar um amor fiel - "Onde você colocou aquele comprovante?", "Mãe, fez meu lanche?".
Meu grande objetivo na vida é o amor como um todo, as demais coisas tenho capacidade física e intelectual para conseguir, mas o amor... ah, o amor... Este tem vontade própria, ele mesmo se encarrega de chegar ou de partir. Ainda que pareça longe, carrego essa lacuna a ser preenchida com fidelidade. Esse pedaço aqui, que limpei tão bem ao longo do tempo tem destinatário desconhecido, mas há de ser ocupado não por regra e nem por excessão, mas por vontade e necessidade do amor.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Valei-me, Deus!

Ele alí parado, safo, contido
Eu aqui solta, aberta, doce
Quisera eu dizer não, mentido
Devia ele ter me deixado, que fosse
Fosse ele para longe dos anseios apaixonados
Reservando meu coração da dor, de olhos marejados

Não teve dó, nem pesar
Não vi o nó, não pude pensar
Tornou-se simples me machucar
Valei-me, Deus! Deveras as dores hão de larejar

Agora que tenho memórias de um amor morto
Cuide para não ser alvo da flecha deste
Desvie do caminho curto e torto
Porque a misericórdia da vida perdeste
Ao plantar no coração de uma mulher a sina
De não sentir mais amor como uma menina

Vá em paz, me deixe assim
Tenho algo melhor, um sonho, um Deus
Um destino sorrindo pra mim
Um homem, filhos só meus

Ora, que o céu não enegreça como anda o meu
Mas que tenhas êxito, que se endireite
Que compreendas as mazelas ao que o amor se rendeu
E que em seios castos se deleite
Pois o ontem onde fostes rosa não existe mais
Cravo és, maria-sem-vergonha na beira do cais

Lembrarei menos de ti, viverei o porvir
Com gestos de esperança, canto de prazer
Amanhã hei de novamente sorrir
E desse adeus definitivo fatalmente me esquecer.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Meu adeus

Eu toleraria qualquer não, qualquer desculpa boa, qualquer mentira bem contada, mas ser ignorada me machuca.
Ingratidão, falta de humildade doem.
Não se trata de cobrança e eu sempre soube o meu lugar. Eu não quero reconhecimento e nem aplausos pelo que eu já fiz, mas eu fiz e isso é fato.
Eu sempre estive lá, eu nunca me ausentei de fato, sempre entendi e superei tudo, sempre dei a mão e nunca quis saber se estava certo ou errado. Talvez esse tenha sido meu grande erro, eu nunca saí daqui, deveria ter ido embora.
Foram anos engolindo sapos, passando por cima do meu orgulho, atando grandes nós na minha auto-estima, fazendo comparações que me depreciavam, culpa sua, culpa minha, tanto faz. Nem sei quantas bocas beijei pensando na sua, quantos abraços eu senti idealizando o teu calor, eu me esquivei de quem valia a pena por você, não porque te esperava, mas porque eu respeitava tudo o que havia acontecido entre nós.
Eu briguei sozinha, te chinguei alto, trancada no meu quarto desejei que você não estivesse por perto para que eu pudesse descansar. Mas tudo passava e a tua presença trazia de volta aquele velho sentimento que me fazia amolecer e deixar pra lá.
Dessa vez não deu, dessa vez doeu. Talvez porque agora eu sou mais madura, eu consegui enxergar que para você eu valho pouco, tão pouco...
Dessa vez meu coração não aguentou, dessa vez meu coração chorou, dessa vez as lágrimas estão sentidas, doloridas, elas queimam meu rosto. Como você pode ser tão frio assim?
Eu escutei seus problemas e te abriguei nos meus braços quando todos que sabiam da sua conduta te deixaram. Eu tentei te compreender e te dar um consolo que você na verdade não precisava. Eu amei você da forma mais decente que alguém pode amar, eu te respeitei, eu nunca menti pra você, eu nunca te enganei, nunca joguei sujo, nunca te ignorei e em troca você sabe o que me deu, mas doeu.
Se você pudesse ver meu coração agora como Deus está vendo, você se sentiria péssimo. O que você causou dentro de mim ainda nem tem nome, eu nem sou mais tão forte agora, eu desfaleci. Minhas armas estão sem munição, eu não tenho defesa.
Se você me visse agora, não me reconheceria.
Eu só espero que você tenha uma sorte melhor do que a que eu tenho tido, que possa se regenerar, ser alguém que vale a pena.
Só Deus conhece o quanto dói, mas dessa vez vou ter que ir, vou ter que abrir mão de cada um dos sentimentos que me fariam reconsiderar. Não posso mais segurar, não posso mais me deixar levar, eu não quero mais.
Eu vou evitar seu nome, seu endereço, sua voz, seu cheiro, seu sorriso, sua música, seu olhar, tudo seu. Quero me desfazer de tudo que lembre você, que possa me fazer ceder.
Nunca doeu assim, nunca foi tão ruim. De todas as vezes que eu quis me ver livre desse sentimento, essa é a mais sincera.
Esse não é meu "até logo", esse é o meu "adeus".

domingo, 1 de abril de 2012

Uma forma nova de amor

Eu quando juro amor eterno, eu cumpro. Certamente todos os amores que jurei um dia mudaram de forma. Alguns assumiram um nome forte e importante de "admiração", outros basearam-se em "respeito", outros são hoje "amizade".
A questão é que não importa, meu amor, que rumos nossas vidas tomaram e nem importa quais rumos ainda vão tomar. Não te desejo mais, não se trata de pele e nem se resume também em uma simples amizade, isso que ficou ainda não tem nome e possivelmente nunca tenha.
Não existe mais beijo, mas existe um entendimento em um olhar. Não existe mais toque, mas existem diálogos extensos e sinceros, entendimentos e conclusões. Não existe mais divir o mesmo cobertor, mas existe dividir a saudade que dá de tudo o que nós somos agora e a percepção de que é bem mais gostoso assim, de verdade agora juntos e separados nós somos felizes.
O que ficou foi tudo o que a paixão nos roubava, ficaram as verdadeiras alianças que estabelecemos ao longo do tempo, ficou o amor... O amor genuíno e verdadeiro que vai nos acompanhar durante toda uma vida.
Ainda nos casaremos com pessoas boas, teremos filhos amigos, nos visitaremos e oraremos pela família um do outro, porque nós sim soubemos preservar aquilo de bom que ficou.
Hoje parece patético, ontem era nostáugico e anteontem era paixão, paixão que deu errado, graças a vida, graças a Deus.
Eu me sinto agraciada, nossos corações estão cruzados em uma linha sem dor porque com você eu descobri uma forma nova de amor que não tem nome, mas é amor.

quarta-feira, 21 de março de 2012

De bico calado


Desculpa se eu sou assim. Eu odeio esse lance de pedir desculpas, mas não faço nada de propósito para aborrecer quem quer que seja. Eu mesma às vezes me confundo comigo, perco a noção do perigo e fico avessa, contrária.
Impossível saber o que vem depois quando se trata de mim, qual será o próximo passo, prever meu destino. Meu jeito dá errado, dá defeito, tem efeitos que nem eu consigo entender.
Minha feição às vezes sóbria demais, carrancuda, ou triste quase nunca quer dizer um sentimento negativo. Não se trata de deprimir, é só meu jeito de pensar. Silenciando é como eu conduzo as coisas sérias da vida, cara de Monaliza é sinal de sossego, sinal de junção do quebra-cabeça que é estar do lado de alguém.
Não consiste em qualquer esclarecimento, porque está tudo em seu devido lugar, não há nada de errado e se estiver, quebro meu silêncio e não deixo de expressar.
É que eu aprendi que o silêncio ajuda a não perder o rumo, que evita palavras que doem e ameniza minha opinião sobre tudo. Para que o amor não sofra dano, às vezes é necessário calar.
Segredos meus, coisas minhas, não quero dividir, não vou dividir... talvez faça mal, mas ainda prefiro ser complexa e agradável escondendo aquilo que não acrescenta de modo alheio só pra mim.
Para me entender basta me fechar em um abraço, me envolver com os olhos, usar as palavras que tantas vezes não sei para que servem e talvez elas só façam sentido vindas desses seus lábios.
Porque sentir algo por alguém que não conhecemos tanto requer se conhecer muito. Sábios dizem que calar é precioso, e dos valores possui o mais elevado.
Calar te faz repensar, escolher melhor o que dizer, o silêncio te faz sábio e é assim que eu prefiro ser.
Não imagine que meu sentimento é menor pela falta de declarações ou quando as expresso, deixo cômico aquilo que era para emocionar. Não se incomode com minhas frases pensadas, não sei deixar espontâneo esse lance de amar, eu amo assim e isso deve ser errado, mas eu amo desse jeito pacado, maroto, desligado, tem cheiro de maresia, consegue sentir?
Talvez eu seja dependente de atitudes que não são minhas, talvez seja papel seu me fazer falar, me fazer volúvel, me fazer entregue. Sem teu empurrão, eu vou continuar no mesmo lugar.
Eu que aprendi a fincar meus pés no chão, racionalizar e contextuar a paixão, não aprendi através de ninguém ainda me perder e me deixar levar.
Deixa tudo guardado aqui, lapida no aço do tempo uma chave de mim, abra, entre e jura contente que vai ficar entendendo que quando estou de bico calado é porque muito mais meus olhos podem falar.

terça-feira, 20 de março de 2012

Bagagem


É claro que quando você já tem uma bagagem tão cheia de experiência, algumas coisas você aprende a não considerar. Você aprende a não mergulhar tão fundo, não usar textos incertos, a não persoadir sem que o foco seja certeiro.
Quando você deixa espaços, você desfaz certas esperanças e cria as que realmente necessitam ser criadas. Parece que nesse momento você começa com o filme monocromático e vai colorindo a medida que o infinito vai aparecendo, não permite mais roteiros dramáticos.
Não por falta de querer, não por medo ou insegurança, mas por coragem de admitir que existe um "sim" e um "não" para todas as coisas.
É como se seu esforço estivesse em manter seu coração livre de dores e aberto ao sentimento, se equilibra, cresce. E dar segurança mesmo sabendo que como se chega, também se pode partir.
Não sou mais menina, nem tenho grandes ilusões, tenho sonhos sim e desejos não me faltam, mas eu sou a protagonista de mim, escrevo por mim.
Talvez sejam informações demais para assimilar, pensamentos soltos que não fazem sentido para quem apenas lê, eu sei que a confusão de idéias faz parte de mim e que quero juntá-las todas em um texto fragmentado. Mas eu preciso dizer, eu preciso exibir cada pequena parte de um sentimento que mantenho firme até que eu seja quebrada, desmontada da minha segurança. Até que eu seja capturada, até que em mim não haja mais reserva e nem proteção, até que eu me renda, eu mantenho os pés fincados na certeza do que pretendo.
Até que me desfaleça o amor, retenho minhas emoções e me enveneno delas em pequenas doses para não sofrer de uma vez e nem ser feliz sem ter o que contar.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Abraçar o mundo...


Tu quer abraçar o mundo sem saber se o mundo quer ser abraçado, tu quer agradar a quem não precisa e faz mal a quem te queria por perto. Faz tudo errado buscando o certo, não tem noção das tuas outras conquistas, só se concentra naquilo que ainda não tem, não sabe dividir eu coração entre passado, presente e futuro e ainda se acha no direito de reclamar da vida. A vida não errou contigo, é você que não é sábio ao usá-la.

Eu que disse.

terça-feira, 13 de março de 2012

Oração do dia.

Ficar aqui parada não vai adiantar nada, está na hora colocar meus joelhos no chão.
Olhar pela fechadura, espiar bênçãos... Isso não existe. Mas a minha chave vem na insistência da oração.
Eu não vou cair outra vez, Te decepcionar, Senhor, porque eu Te amo e não quero vê-Lo se retirar de mim outra vez. Te quero aqui, Te quero sempre, em tudo o que eu fizer, cada dia que eu acordar, cada pessoa que eu conhecer, cada relação que eu estabelecer, não quero viver nada sem a doce presença do Espírito Santo.
Sabe, Senhor... Tuas promessas ainda latejam em mim, sinalizando assim o cumprir de cada uma delas. Mas como agir? Nem mesmo sei em que barco estou navegando, se sigo, se volto, se estaciono aqui e espero o Senhor soprar a minha vela.
Este mar não está revolto agora, Deus, mas temo que possa ficar. Já me machuquei feio tantas vezes, Jesus. Já chorei demais, tanto que hoje choro pouco, ou nada. Vivenciar algo conturbado me deixaria cansada, exausta como eu já estou de tentativas frustradas.
Olha, Jesus, a minha vida é totalmente Sua e não há outra direção que eu queira tomar que não seja a que o Senhor traçou para mim. Dessa vez é diferente, Jesus... Não te conheço superficialmente, eu vivo cada dia buscando Te conhecer mais e me aprofundar em Ti. Dessa vez, Jesus, não vivo mais eu, mas o Senhor vive em mim.
Dessa vez meu coração não me engana mais, porque o Senhor dá ordens a ele para que apenas imprima no pulsar a vontade do teu doce Espírito. É por isso, meu Deus, que espero de Ti todas as estratégias, todas as palavras e atitudes para ser canal de bênção e salvação e além disso, saber vigiar.
Anda na minha frente, Senhor. Abra a passagem e seja meu conselheiro cada vez que eu Lhe perguntar algo, porque simplesmente não sei o que fazer.
Jesus, não me desampare, não me deixe cair e nem me enganar, mas fala ao meu coração para que eu possa agir como aprova o Teu coração.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Uma das minhas descobertas pessoais.



Agora eu me olho no espelho e vejo uma mulher bem resolvida consigo mesma, que não reclama mais do corpo e apesar de ficar doida com os cabelos, aprendeu a lidar com eles.
Gosto de algumas linhas de expressão mesmo e sei que isso soa estranho, mas é que eu dei muita risada e chorei bastante também. Já tomei muito sol, apertei os olhos pra enxergar e alguns pequeninos pés de galinha apareceram.
Agora eu não tenho mais medo de achar minha barriga bonita e me acharem metida por causa disso. Sei também que tenho lábios,curvas, pés e mãos muito atraentes, que de manhã eu fico bem feia com aquele aparelho móvel e touquinha no cabelo pra não enrolar e que eu devia ter cuidado mais da minha pele, evitaria essas manchinhas do sol.
E eu tenho um monte de celulites e estrias mesmo, idaí? Tem gente que não tem pernas. E sem progressiva meu cabelo fica armado mesmo, idaí? Tem gente que é careca.
Agora eu sei que tenho um papo agradável, que sou pensante e que posso proporcionar bem-estar tanto quanto estou apta a receber.
Aprendi a olhar nos olhos, a dar carinho, a ouvir mais do que falar, a entender e aceitar as pessoas. Hoje eu sei me impor quando for preciso, não deixo mais me pisarem, mas isso não quer dizer que eu tenha que ser grossa. Isso também agora eu já sei.
Organização, força de vontade, coragem, simpatia... Isso também não veio em mim, tive que aprender.
Sei não vulgarizar o que eu tenho de muito bom, aproveitar minha solteirisse de maneira saudável, cultivar amizades duradouras e me preocupar menos com o homem da minha vida, ele vai chegar.
Que as minhas amigas, leitoras, aquelas que gostam de mim e as que não gostam também aprendam essas coisas no seu tempo e da maneira que suas vidas lhe derem a oportunidade. É muito bom se amar como um processo natural, se admirar com humildade.
Para os homens me curtem também, que vocês saibam encontrar mulheres e não meninas. Vocês sabem que erram quando encontram garotas e não encontram nelas a maturidade que gostariam e depois machucam elas descartando-as. Deixem que meninos estejam com meninas, aprendam a ser homens e conquistem uma mulher para a vida toda.
É bom aprender.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Guerra fria


Você fala nas entrelinhas, eu repito esse ato falho na esperança de ser entendida. Eu infantilizo isso, porque não sei mesmo como agir.
Virou uma guerra fria, todo mundo sabe, menos nós. Todo mundo tem uma opinião, eu e você não.
Tantos tratados de paz quebrados pelos nossos lábios, tantas alianças de território desfeitas porque fomos fracos demais para parar por ali e para aprender a conversar ao invés de fingir sempre que nada nunca aconteceu.
Era pra ter sido simples, mas complicou tanto que por fora continua simples, mas por dentro, revirado está.
Eu aparento não sentir nada pra não invadir você, eu ando sozinha e dou sempre a entender que consigo assim e que está tudo certo por me preocupar comigo e estar acomodada com isso.
Eu não preciso disfarçar, mas essa minha diplomacia é tão cruel quando insiste em ficar!
Sinto muito, mas agora vou ter que começar a atirar pelo meu próprio bem, pra sobreviver, pra não camuflar mais nada e não ser mais uma mulher sufocada. Não existe segredo e nem mistério que nos prenda à conquista, agora é guerra mesmo! Eu combinei com os meus pensamentos e sensações que seria assim, pacífico como é, mas tenho mais que envolvimento pra dar, tenho tantas outras armas, agora não quero explicar.
Nosso convívio atesta que eu não mais quero, minha boca saliva por querer. Tudo encoberto, todos esses traços de frieza feitos por cautela e medo de ser senhora de uma batalha.
É bom que tenha muitos escudos, tenho no desenho do lábio artifício perfeito para capturá-lo.

sábado, 3 de março de 2012

Encostar

Eu ainda não aprendi a pedir nada.
Continuo achando que às vezes perder é o melhor destino.
Ainda não sei aonde estou. Ainda tudo é saudade... e seja lá o que for.
Minha vida vai fazer quantas curvas forem necessárias, só quero que a sua cruze com a minha.
Eu ainda quero a arte de te roubar no meio da tarde pra não fazer absolutamente nada, essa é a minha cleptomania de você, roubá-lo só para ter, por pura satisfação de possuir. É isso.
Ainda não mudei, acho que nem quero mais mudar, ainda quero procurar todos os meios, acasos, segredos, contratos, mentiras, boatos, sorrisos e espaços que me levem até você ou que te tragam até mim. Já não importa mais quais serão os veículos, contanto que você ainda seja o ponto final.
E quando você me chama, eu acordo do sono mais profundo, eu deixo tudo, eu deixo a alma escutar sua voz e eu me encontro, porque sem você, meu anjo... Nunca sei onde eu estou.
Resisto a todos esses imensos segundos de vida, quando a sua ausência é gritante e eu não sei onde ir me lembrando que sempre e sempre nesse labirinto nossas vidas tem uma só saída.
Por mais que eu não sonhe com o eterno, sonho com um instante e ele só já me faz feliz. Encosta, gruda, enrosca e passeia por mim.



*Releitura de "Encostar na sua" - Ana Carolina

quinta-feira, 1 de março de 2012

Indolência


As coisas mudaram por aqui e tudo mesmo assim, parece igual.
Minha indiferença é quase palpável, como se eu pudesse tocar minha falta de sensibilidade, como se eu estivesse docemente mentindo para cada um desses detalhes, acho que estou me escondendo dentre os vãos que a inexistência do impulso me deram. Talvez eu só esteja sendo cega por uns momentos, enquando as coisas não mudam com força do lugar, talvez seja isso.
Não sei mais se quero voltar a ser intensa, talves minha inércia seja boa, talvez minha indolência seja só o que eu precisava pra roubar meu sossego das suas mãos.
Quem sabe eu esteja me perdendo? Ou talvez esteja me encontrando.
Eu sentia saudade, agora não sei mais o que significa essa palavra, eu sentia desejo, agora não sei mais como é o gosto disso.
Acredite, isso não está me fazendo mal, talvez faça mal quando eu acordar desse sonho da liberdade de querer e de gostar. Seja lá o que for esse buraco, me sinto alada, me sinto esvoaçante, me sinto simples, me sinto serena. Seja qual for o nome dessa sensação, seja lá quanto tempo isso vai durar, sei que pés no chão hoje não são para mim.
Não me sinto encantada, nem apaixonada, nem fascinada... Eu não sinto nada, é um vazio gostoso de sentir, porque ele não dói. Me pergunto até quando vai durar, porque coisas assim não duram muito tempo, sempre alguém ou alguma coisa vem para preencher.
Mas eu quero sair assim, de papo pro ar, sentindo o sol arder na pele como se amanhã fosse um pedaço da vida para não se pensar, esquecendo aos poucos de ti. Perder a noção do tempo comigo mesma, de fones no ouvido, esperando um trêm que me leve pra qualquer lugar onde a paisagem me faça lembrar cada vez menos que tenho você pra me lembrar.
Está bom assim, está bom pra mim... Ser mais livre de mim, mais senhora de nós.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Clichê

Eu quis tanto, tanto, mas tanto que agora já não sei se quero mais.
Meu coração já está se conformando mesmo e acho que nem saudade sinto mais. Estou estranhamente feliz, musicalmente audível, porque eu ando cantando coisas que não me trazem pesar e não estou mais me fazendo sonora pelas pronúcias do seu nome.
Talvez eu o mencione em pensamento quando a chuva aperta, ou quando ouço você cantar em alguma lugar assim, por acaso, sem pretenção.
Eu vou guardar aqui só o que foi bom, nesse imenso clichê da memória não fúnebre eu quero deixar aquele "adeus" que até hoje foi apenar um "até mais".
Quando a gente decide mesmo seguir a vida, dói. Acreditamos no alívio, mas é como uma desentoxicação, e a abstinência derruba até nossos desejos de sonhar. Surpreendentemente, as coisas vão voltando ao lugar em meio a tristeza, e a sensação de liberdade daquilo que te fez tão bem e tão mal começa a fazer sentido. Agora é só mais uma coisa que ficou para trás, é só um início do que ainda está por vir.
A minha vida finalmente vai se desprender dos seus atos pretenciosos e da necessidade de você, enfim, vou ser aquilo que eu gosto de ser, e o que eu devo ser.
Cômico como o que não machuca nem parece fazer sentido agora, tempo perdido? Talvez... Em mais um clichê eu afirmo que aprendi muitas coisas nesse meio tempo, e seguindo o seu conselho, eu vou viver tudo o que eu tiver para viver.
O meu álibi para os preços da vida é o amor, o seu álibi... Ah, não procure o apresentar para as consequências daquilo que você plantou, não vale nada dizer que foi fase, ou que era jovem demais. A vida não aceita desculpas, ela aceita modificações.
Porque usando do meu último artifício do clichê: A vida dá muitas voltas, e no final das contas, ela para aqui.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Dançando lentamente em um quarto em chamas.


Eu estive o tempo todo lá, em todos os momentos. Eu estive por perto, eu acompanhei tantas fases eu orei.
Eu falei uma única vez, achei que fosse suficiente, eu abri o que não queria abrir, por achar que adiantaria.
Tarde demais, eu baixei a guarda eu baixei o rosto, eu comecei a sofrer.
E ai tive que ser atriz, tive que encenar quase o tempo todo, eu tive que usar terceiros pra me convencer, pra esquecer... Não deu.
E toda essa grande merda sentimental me levou pra um buraco que eu tô conseguindo sair agora, depois de tanto remoer, de tanto pressionar os dentes uns contra os outros. Chegou a hora de dizer "chega", e chegou o momento em que eu decidi que definitivamente não quero mais nada disso.
Do que adiantou ser bacana? Ser respeitosa? Não cobrar? Não perguntar?
Me diga você, de que serviu?
Era tão fácil, não é? Quando o corpo não esquecia o que a memória e o coração jamais se lembraram, você vinha e tinha o que queria. Beijo, carinho, colo quentinho, abraço, tudo isso sem esforço. A culpa é um pouco minha, eu me deixei levar. Mas agora já era!
Chega do costume, do comodismo que eu te dei! Você não me respeita? O que eu significo?
Será que esquece que eu sou gente como você? O que eu te fiz? Quando foi que eu menti? Me diz quando eu te magoei?
Não me lembro.
Uma canção do John Mayer me faz imaginar, estamavamos dançando lentamente em um quanto em chamas e somente eu estava me queimando.
Anos da minha vida te colocando em intervalos, desperdiçando o coração pra porcaria nenhuma.
Não se preocupa se eu só estou falando por aqui, meu amor. Vai sentir cada palavra que estou usando daqui pra frente e quem vai queimar na nossa dança é você.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Explodir!


Explodir!
Jogar tudo pro ar.
Sentir!
Sentir de verdade, sem limitar os sentidos.
Amar!
E deixar claro isso, chega de esconder.
Já não aguento mais ficar escrevendo tudo, sem viver quase nada. Não quero mais ficar entalando cada coisa, me engasgando e me alimentar de sapos.
Não suporto mais sentir dores de estômago por não mandar as pessoas a merda, por não extravasar nada. Eu tô cansada de ficar equilibrando as coisas, me desdobrando em mil pra agradar, pra ser certa. Tenho que ser certa, mas um pouco mais autêntica, livre, espontânea, perder de vista o tamanho do espaço da minha liberdade, enfim, voar.
Preciso desligar o modo proteção da minha vida e do meu coração, eu já perdi demais, já me deixei calar demais, já engoli muito choro e deixei acumulados muitos sentimentos.
Preciso falar, preciso gritar, esperniar, ser criança de novo, ser boba, ser besta, perder a vergonha de ser ridícula e viver em paz com o fato de que nunca vou ser perfeita.
Daqui pra frente vou falar, seja como for, vou pensar uma única vez para falar sem medo de ser infantil, porque eu tenho tempo ainda pra ser idiota de vez em quando. Chega! Chega de ter medo de ser eu, porque eu em mim sou bem melhor do que eu em todos. É injusto demais me martirizar e não deixar que vejam, sentir tantas coisas e ficar aqui, remoendo, remendando, fingindo que está tudo no seu devido lugar. A busca pela perfeição está me desequilibrando cada vez mais. A partir de hoje eu vou chorar quando eu quiser, rir se der vontade, amar se for preciso, gritar se tiver que gritar, e não calar nada que tiver que ser dito.
Há muito tempo tenho colocado sensura nas cenas da minha vida, tenho mudado a legenda dos meus sentimentos. E eu não sei o que me deixou assim, o que mudou para que eu me tornasse perfeccionista e injusta comigo mesma.
Sou humana, caramba! Às vezes eu erro, às vezes eu sofro de amor e de tantas outras coisas, mas eu tenho a mania de ficar me reprimindo para que ninguém me aponte. Ninguém mais vai deter meus sentimentos, sejam eles quais forem.
Blog, a partir de hoje, em você vou poetizar muito e tentar desabafar meus problemas na vida real. Porque eu cansei de ser sentimentalmente-virtual.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Músicos...

Vivem de acordes esses rapazes flutuantes em pautas a poetizar os dias de mulheres como eu que são guiadas pelo som.
São eles sensíveis homens encantados por poder ser ídolo de muitos, ou quem sabe de uma garota só. Esses moços, responsáveis por fexar os olhos de uma mulher sem tocá-la, por beijá-las com palavras cantadas, por abraçá-las com solos de seus instrumentos lindos por si só.
Desfarçam em alguns casos sua falta de beleza escondidos atrás de um saxofone, um cello, um trombone. Realçam às vezes o rosto lindo tocando um violão, abraçando um violino, acariciando um piano. São esses homens de alma cantante que encantam meninas de ouvidos apurados pra canção.
Músicos, lindos por serem artistas, por serem excêntricos, por serem únicos, por serem diferentes de todas as outras classes de homens, por serem mais pensantes, por serem mais conectados com o que pode ser um sentimento. Por saberem expressar, eles são meus preferidos por eu poder compartilhar meu amor pela música e por tudo o que ela pode proporcionar.
Quero dividir meus dias com alguém que sente na sala e toque para eu cantar, com quem louve tanto quanto eu na casa do Pai, que me corrija quando eu desafinar, de ouvidos apurados, de dedos coordenados, que componha para nosso menino uma canção de ninar. Que ouça música com cultura, que seja fã da MPB, que curta Mayer, Vercillo, Handrix, e tudo o que de melhor há.
Quero meu amor descrito em letras, canção, voz e violão.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Um surto faz bem... =)

E aí você quer resolver tudo. É uma ânsia de chegar um dia no qual você nunca sabe quando será. E aí coisas te passam pela cabeça e você não sabe se fica louca, histérica, neurótica ou todas essas coisas juntas somadas a uma felicidade estranha, como se estivesse à um passo de conquistar o que não só quer, mas como precisa.
Toma banho de água fria, come e come mais, tenta se aquecer depois e emagrecer tudo o que comeu. Chora e ri porque tudo acontece ao seu favor e ao mesmo tempo parece bobagem de menina de 15... A vida é mesmo cruel com essa coisa de sentimentos, e eu odeio sentimentos, mas quero vivê-los e não sei falar de outra coisa que não sejam sentimentos.
E aí você descobre que já está na merda e que agora tanto faz falar ou guardar as palavras, descobre que pior do que já está não pode ficar e que nisso tudo há uma ou mais chances de que tudo dê certo, quanto muitas chances também de ficar na porcaria que já está.
Usa novas táticas, novos termos e aprende a dizer não. Olha... se eu soubesse que dizer "não" surtiria tão bons efeitos, já tinha feito isso antes. Aprende a sutileza de uma frase dita na hora certa e do jeito certo. Aprende que por mais que você já tenha um dia feito um monte de coisas pra tirar de perto de você quem você mais quer, o tempo apaga todas essas coisas e te dá talvez uma nova chance.
Eu não sei de mais nada, quase tudo está tão incerto quanto o dia de amanhã. Por mais que eu planeje e fique horas pensando em como agir e o que dizer, nada nessa vida me pertence, pertence a Deus.
Minha humanidade quer me fazer mais desesperada ainda por respostas, mas meu espírito descansa no Senhor e em suas gentilezas.
E se realmente eu merecer esse amor, vai ser lindo como nas histórias, feliz como nas canções e intenso como deve ser.
Tantos anos e eu só quero dizer que te amo... Te amo.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

De volta pra casa

Juntei todas aquelas coisas boas... Os sorrisos, os beijos, abraços, carinhos e coloquei dentro da memória, junto com a minha camiseta branca de tartarugas, meu all star sujinho, e minha escova de dente.
Eu não sei se ele percebeu, mas eu já havia ido embora fazia um tempo, o que ficou foi uma imagem de mim que nem eu mesma deveria ter passado, eu não estava lá... Me desculpa, mas eu realmente não estava.
E eu sentei na linha do trêm, com fones no ouvido, mal conseguia ouvir qualquer grande ruido. Eu estava indo pra casa dele, e eu sei que mesmo lá pra mim não teria lugar. Mas eu quis ir, eu fui... Por incrível que pareça, eu fiquei.
Agora que ele já sabe que eu já estou longe, meu alívio é quase incômodo, quase me traz culpa, mas quer saber? É muito bom!
Liberdade pra tudo, pra mim, pra Deus. Nada mais me prende, eu posso de novo sugar a vida com canudinho e ficar bem "bêbada de escolha".
Na escrivaninha dele tem um bilhete escrito:
"Quando você ler, já estarei dentro do trêm. Tô voltando pra casa, e lá em casa eu vou ficar. Depois te ligo, explico, a gente resolve o que não há pra resolver. Obrigado por ter sido meu."
Mal cheguei em casa, e já me mudei... E ele nem sabe que no fundo, estive poucas vezes lá com ele.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

João-de-barro

O João-de-barro é um passaro que tranca sua fêmea dentro do ninho. Ele faz o ninho com terra e pedacinhos de arbusto que encontra e o faz no alto as árvores, ou num poste qualquer. Ele canta em dueto com sua amada e canta bem alto para que todos ouçam que existe união entre os dois.
É isso que eu quero ser, a fêmea presa a você, aos seus desejos... Quero ficar sem saída, sem volta, sem decisão. Quero me submeter sem olhar para trás, sem querer o passado, sem querer ser livre.

Cantar cada canção debruçada em cima da sua voz.
Qualquer um pode notar agora meu olhar distante, sua boca, do qual eu sentia tanta falta veio me fazer lembrar como era bom o gosto de intimidade que um dia eu senti.
Meu João-de-barro, vem fazer seu ninho em volta de mim! Vem prender no teu canto estridente, vem me enriquecer com o seu calor.
Sei que agora me faltam as palavras, só quero fechar os olhos e lembrar do cheiro das tuas penas.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Você é todo o som


Se lembra como é recolher meu sorriso com suas cócegas desenfreadas?
Se lembra como faz pra que eu olhe dentro dos teus olhos, te faça promessas com o aperto do abraço?
Desajeito todos os dias minhas lembranças, tiro tudo do lugar. Desarrumo todas as confianças em mim tentando entender o que um dia te fez gostar só de mim e ser somente meu.
Meu Deus! Como eu gosto do seu formato, do quanto é exato seu maxilar, seus artelhos, seus cabelos, seu jeito de falar. Como eu amo a sua voz, como eu amo te escutar em um verso simples de Caetano eu posso até imaginar.
Cada pausa do seu violão e uma ânsia para voltar a te ouvir tocar aquelas notas que tanta gente sabe, mas que só na pontas dos teus dedos tem sonoridade o bastante pra me fazer viajar.
Quero fazer parte de novo do dedilhado, do foxtrot ao luar. No meio da rua, à sós vendo as estrelas a presenciar nosso dueto, em um rítmo perfeito cada nota soar. Quero forçar minha voz, subir uma oitava do meu tom ou mais só pra te acompanhar... Só pra ser seu par, pra ser a metade que te falta na música, na vida e em tudo o que você deixar e que se dane a rouquidão, já que de qualquer maneira com você eu fico sem fala, só consigo cantar.
Quero você no andamento da minha vida, nas linhas da minha pauta só quero teu nome escrito. Cada nota prolongada que eu canto só exemplificam o quanto eu consigo te esperar, cada staccato que eu faço mostra a intensidade do pulsar do meu coração.
Você é exatamente todo som que eu consigo emitir e todo som que eu consigo escutar.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Nem felicidade, nem descontentamento.

O que fazer quando você se depara com um buraco?
Quando simplesmente não há paredes que o contenha, nem teto que o abrigue, não há porta que o proteja, não há chão que o sustente?
O que fazer quando fica tudo tão vazio e nada do que acontece ao redor é suficientemente grande para suprir a lacuna da vida?
Desconheço agora a satisfação e mesmo a satisfação comigo não tem mais interação. Há um vácuo sentimental, um eco dentro do coração, e me sobra fôlego por isso. Correr em campo aberto, sem tocar os pés no chão não me faz cansar, não me faz suar, não tonifica minha alma, não exercita meus sentimentos.
Não existe saudade, não existe desejo e nem falta de interesse. Não existe choro e nem sorriso, não existe atitude e nem inércia, nem felicidade e nem descontentamento. Não há nada, talvez costume, mas costume significa ausência de atitude... Minha ou da vida.
Quantas vezes vou pegar a trilha circular? Quantas vezes me deparar com a mesma paisagem? Quantas vezes me equilibrar em um fio de vento solto pelo ar?
Quero chão, casa, sossego, amor, apego, família, destino, realidade, quero enfim me cansar.
Preciso sentir os pés no chão, a arrogância de uma chuva de verão, o rigor de um frio no inverno, o sabor de cada fruta do outono e o cheio das flores se abrindo na primavera. Justamente agora, não quero mais pairar em projetos, não posso mais esperar que aconteça, eu quero ver acontecer. E só vou descansar quando viver a vida me fizer salivar de desejo por viver.