Ana Vífer

Ana Vífer

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Análise, síntese, amor...

A medida com que o tempo vai passando, vou separando o que me infantilizava daquilo que me fez crescer e eu descobri coisas sobre o amor que nem em casa eu pude perceber. O amor é como um traço do DNA, ele é único em cada pessoa. A maneira de sentir, de demonstrar, de reconstruir ou de deixar morrer é diferente em cada uma das pessoas que o sente.
De qualquer forma, amar é aceitar o ruim e adquirir o que é bom. Mas existem coisas que são iguais em todos os amores verdadeiros, e são coisas que diferenciam o amor de uma paixonite qualquer:
Se ama alguém na enorme fila do supermercado, se ama alguém de manhã antes de trabalhar quando todos acordam feios e já chateados com a rotina que os espera. Se ama alguém quando traços de personalidade desconhecidos e ruins aparecem durante um dia estressante. Se ama alguém quando o medo do outro interfere nas suas escolhas de vida. Se ama alguém quando as famílias não são nem um pouco parecidas ou até nem se dão bem. Se ama alguém quando o saldo do banco fica negativo, quando a sogra se intromete. Se ama alguém quando as realidades são bem diferentes e isso não se torna motivo de muitas cobranças. Se ama alguém que tem um passado às vezes nem tão bom. Se ama alguém quando não existe intelectualidade que se torne obstáculo, nem de um lado e nem de outro.
Se ama alguém quando um dos dois adoece, e de repente é preciso virar pós-graduado em medicina. Se ama alguém quando o carro para na serra da praia e fica perigoso. Se ama alguém quando alguém que perdeu uma pessoa querida e essa dor enxuga a paixão. Se ama alguém quando as coisas ficam mais ásperas do que a delicadeza que ensinaram pra gente nos filmes de comédia romântica. Se ama alguém apesar dos contras, apesar do dia, apesar da hora, apesar do humor, apesar do dinheiro, apesar do medo e de qualquer outra coisa, um clichê: apesar dos pesares.
Você sabe que ama quando fica chateado com a atitude da pessoa e mesmo assim faz de tudo para não dormir com raiva, exercita sua paciência e tenta ceder suas opiniões e preferências para um bem comum. Você sabe que ama quando valoriza coisas como uma data, uma aliança, um cartãozinho, uma mensagem de texto que você não tem coragem de apagar, fotos e tudo isso tem é inestimavelmente valioso.
Você sabe que ama quando engole o ciúme como quem engole uma colher de farofa à seco, você sabe que ama quando contém suas palavras ruins em um momento de discussão.
É quando a vida tenta apagar as coisas pelo qual você se apaixonou e você faz a escolha de superar todas elas que você ama em maior escala. É quando existe uma necessidade enorme de estar perto e compartilhar tudo, mas tudo mesmo é que você vê que o que você sente é essencial para que você viva.
À todos os sobreviventes e bravos lutadores que se rendem ao maior e maior sentimento do mundo, sentimento do qual novelas e filmes não conseguem representar com exatidão e que muitas vezes o luxo e a fama estragam, meus parabéns! Entenderam que o amor é um sentimento de superação e bravura, é de ceder e de se entregar. Ah! E para fazer com que a luta seja mais branda, escolha alguém que esteja do mesmo lado que você, como eu fiz.