Ana Vífer

Ana Vífer

quarta-feira, 20 de julho de 2011

São Paulo, minha cidade...


Minha querida cidade de São Paulo,
Me perdoa se um dia eu reclamei demais de você. Hoje eu vejo que você é uma cidade linda cheia de feridas e está um tanto adoentada, mas não é certo te deixar pelo que deu errado, quero te abraçar para que dê tudo certo.
Amo quando você fica cinzenta de raiva e depois de chorar muito sobre suas ruas, traz núvens no seus lindos olhos celestes.
Amo suas tatuagens de grafite pelas paredes, seus piercings de edifícios e lojas escandalosamente iluminadas. Amo seus músculos de puro concreto e asfalto, seu cabelo colorido pelos moradores de todas as raças. Sua voz estridente de buzinas, vendedores ambulantes e música bem alta.
Seu jazz saxofonado nas linhas do metrô, sua street dance importada na sua periferia, as pessoas maravilhosas que moram em casinhas feitas de madeira no meio da favela que criaram sua própria linguagem, seu próprio habitat dentro do morro.
Os moleques piranha, as minas zica, os mano e as mina pá, eu já aprendi a respeitar. Me perdoa, São Paulo, porque hoje eu compreendo que os loucos que você deu a luz, são loucos de bom coração, que apesar dos palavrões e gírias, são loucos que não traem e por crescerem aceitando tamanha diversidade, não julgam para não serem julgados. Obrigada por parir aqui os meus amigos que fecham comigo, os manos zica, os carinhas, os manolos, os "véios" e por ai vai.
São Paulo, minha cidade, eu amo você.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Poder e querer

Sou contra a lei do poder. O poder acaba com as pessoas.
Já diz o ditado: "Dê poder à alguém e descubra quem ela é". Algumas pessoas fecham seu foco na idéia de que precisam de poder para terem destaque. Elas desejam ter algo ou alguém por "poder" ter, para se sentirem realizadas pela notoriedade de possuírem. Quando perdem o que querem, simplesmente a frustração as sega, as destrói. Não querem ouvir, não querem entender; a ferida no ego a desgasta, devastação completa.
A lei do poder é totalmente autodestrutiva pra quem a possiu.
Eu vivia sob a lei do poder, por anos lutando para possuir, para adquirir aquilo que acreditava me sustentar em alguma posição. Eu buscava as coisas ou as pessoas visando o prazer de ser notada pela minha conquista, isso me deixava supostamente satisfeita. Mas a vida nos faz crescer e crescer não é acrescentar coisas em um histórico, crescer é nos acrescentarmos nas coisas, é ter uma personalidade capaz de querer muito, de desejar e ter força de vontade para obter. Quando aprendemos a querer muito, aprendemos que se essa coisa for impossível para nós, ela não é tão vital assim.
Apenas uma coisa me traz satisfação dentro do poder, poder querer muito alguma coisa, desejar com força. Para querer é preciso avaliar se é viável, se o que queremos não é absurdo demais, aprendemos a ter discernimento das coisas, o que nos faz crescer, amadurecer. A busca pelo poder nos diminiu, nos faz regredir. Quem busca muito poder, resolve se auto-mimar, aplicar bajulação em si e se perde, perde o essencial para ser mais do que ter, perde a personalidade.
Por isso queira muito mais porque isso vai te acrescentar individualmente, de dentro para fora. O poder te leva a muitos lugares, porém te esvazia.
Se o seu ego for maior do que a sua personalidade, sinto muito, mas na mesma velociade que você subir, você vai descer.
Não é poder, é querer. O querer move muito, o querer impulsiona, o querer conquista. Tenho o que tenho porque quando quero, quero muito.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ai ai...

Eu fecho os olhos e vou...
Eu vou pra lá, eu vou correndo. É quase palpável, eu sinto o cheiro.
E mesmo quando eu acho que é tudo muito vago, muito sem posição, meu pensamento me trai, ele me arrasta, ele me leva para os incríveis olhos cor de mel.
A boca saliva, as palpebras se expremem, o corpo se recolhe debaixo das cobertas que me isolam do frio e aí eu vou... O voo é sem escalas.
Sim, no meio dessa escrita eu parei e voei. Isso anda acontecendo sempre, juro que não tento nem evitar mais.
Acho que foi o conjunto de coisas, o conjunto de toda a obra. Acho que foi o jeito, o nosso mesmo, porque nada foi individual.
E pra quê escrever mais se o mais importante eu guardei nos meu poros, nos meus olhos, no pescoço e na memória?
Ai ai... lembrar me acaba.