Ana Vífer
Ana Vífer
sábado, 13 de julho de 2019
Eu contigo
Me leva na voz de Ana Carolina, na oração matutina.
Me leva quando sentir medo, quando bater na quina um dedo.
Vou contigo, parceiro, por aqui ou mundo inteiro.
Me leva quando não souber o que fazer, quando quiser desaparecer.
Não solte a minha mão, esquente seu coração.
Vamos mesmo eu aqui e tu ai, vamos viajar para Paraty.
Nem que seja em pensamento, nem que seja por um momento.
Me leva contigo, meu amigo.
Porque eu desisti de tentar entender o seu partir.
Sua vida está boa? Está muito cansado ou à toa?
Me leva com você, não tente me esquecer.
Nenhum elo é mais forte que esse amor, amor de flor.
Amor de amigo é elo eterno, supremo, fraterno.
Me leva contigo, meu amigo.
Me leva no grave de uma canção, nas notas de um violão.
Me leva na garupa das tuas memórias, me personifique nas suas histórias.
Me levou contigo nas tardes, eu pude ver.
Me levou contigo na pétala do bem-querer.
Eu fui contigo nos ciclos da vida, do viver.
Eu estou contigo há muito tempo até morrer.
segunda-feira, 28 de maio de 2018
Mallu
Ela veio numa segunda-feira caótica, a cidade estava deserta. Muitos estavam preocupados com o país, mas ela aproveitou o dia de sol, esticou suas perninhas e fez força. Apressadinha, apressadinha... Porque esperar até a tardezinha se é bem melhor nascer com o delicioso sol das 10h00?
Quase gritou: "Ei, doutor! Sou eu que decido! Já falei com Deus, tô indo!".
Tão pequenina, fazendo corações sentir um amor imenso. Ela é um belo arco-íris, é o "não tenha medo" de Deus ecoando lá do céu. É o raio de sol entre as nuvens, colorindo as antigas lágrimas doridas de sua mãe.
Quem poderia imaginar que um mundo todo colorido de cor-de-rosa seria tão lindo? Tem cheirinho de tranquilidade, de graça de Deus.
Ela acordou a mamãe e lhe deu a experiência daquele parto que ela sonhou.Palpitou o coração do papai que não se aguenta de tanta felicidade, a Mallu é assim, a Mallu acelera corações.
Se o nascer de Mallu tem uma sensação explicável, acho que é de beijinho de mãe, carinho de vó, colinho de pai. O nascer de Mallu é para seus pais o escancarar dos céus, é o bem de Deus manifestado em pequenos dedinhos, em um queixinho tão lindo.
Um desejo enche nossos corações, que as bênçãos sejam incontáveis. Uma oração de gratidão fica pairando em nossos pensamentos: Obrigada, Criador!
Mallu hoje é a dona desse céu azul.
28.05.2018
sexta-feira, 9 de março de 2018
Mania de amar errado
Com todos os argumentos para expulsar o pesar, flutua sobre sua alma a mania de amar errado.
Na sexta-feira as luzes do bar cintilam seu sorriso, o fazem esquecer por um momento os longos cabelos negros que costumavam fazer cócegas em seus braços numa noite de inverno.
Os lábios de tantas morenas passam escorregando perto do seu rosto, mas ele vive aquela história de novo enquanto uma canção de Leoni toca.
Ele costuma experimentar um pequeno terremoto nas palavras ríspidas daquela que o inspirava, o ama bagunçado. Ele só quer poder tê-la tranquilo, num sábado a noite, do jeito certo.
Ele só quer sua índia tecendo seu futuro, só quer um porto-seguro, mas sempre ama errado.
Ele espera por ela vestida de mulher como deve ser, espera que ela deixe as coisas de menina para traz. Em um domingo enquanto fala com Deus, ele refaz os planos. Ele escolhe os nomes para os filhos, as flores da cerimônia em frente ao mar, meia dúzias de insultos velados ele lê numa mensagem e como mágica, uma melodia nova sai de seus dedos com o coração sangrando porque ela também o ama errado.
Às segundas-feiras ele costuma deixar o sentimento suprimi-lo um pouco mais, semi-nu dedilha qualquer canção de Cazuza, o cabelo lavado fazia um pequeno caminho de água em suas costas pálidas, enquanto seu corpo está parcialmente coberto, sua alma está completamente desnuda, em frangalhos, amando novamente errado, compunha mais um grande feito de canção que embalaria amantes em tórridas delícias de paixão.
Conforme o costume, terça-feira ele faz força para deixar um pouco de felicidade entrar, mas como em qualquer carnaval, a quarta-feira sempre é de cinzas e ele não aprendeu como amar sem sentir dor.
Na quinta, suas chaves ficaram sobre a mesa, com elas todas as cartas, ele só quer deixar o tempo fazer seu trabalho. Os olhos negros dela são desafio e resolução, o poeta não sabe realmente como amar. Diante do motivo de seus dias chuvosos que é também a chave para toda a arte que ele sabe produzir as perguntas dançam nos lábios dela e ele não consegue ouvir as palavras saírem. É hipnotizante e ele cantarola bem baixinho "o tempo é rei, mas é inimigo..." numa abstração, num amor, numa solidão.
De novo é sexta-feira e ele cintila mais uma vez seu sorriso banhado pelas luzes do bar, de novo uma morena escorrega os lábios em seu rosto enquanto ele tenta esquecer a pele vermelha que ele costumava beijar, em meio a um gole da melhor bebida do lugar, ele ainda de certo não aprendeu como amar, não aquela mulher chuvosa que nutre e destrói. Não ela que como sol do meio-dia ilumina e queima. Sabemos de fato, ele cultiva a velha mania, a mania sonora de amar errado.
domingo, 21 de janeiro de 2018
ProsseguIR
Dez anos passam voando ao mesmo tempo que escorrem suaves pelas curvas do meu sorriso. Vai levitando em cima das páginas das nossas histórias esse bendito tempo, longo tempo. Eu ainda sinto a brisa da nossa adolescência nos dourados anos de sorrir sem pressa e sinto o peso de ser adulta sem a constante presença de vocês.
Ainda sinto o sabor doce das andanças, das mudanças, da dança dos corações acelerados. Ainda consigo ver as mãos se movendo em um simples "tchau", os braços se encontrando em um "que saudade".
Nada nessa vida vai brilhar tanto quanto os caquinhos de vidro que foram misturados ao asfalto da rua que olhamos por horas conversando sobre a vida. Nenhum céu terá estrelas como aquelas que cintilaram nosso crescer.
Na veia ainda corre a adrenalina da boemia engarrafada e ainda é possível ouvir as canções intermináveis transbordantes de poesia. Em um breve fechar de olhos, eu vejo os olhos de vocês. Permaneço embriagada pelas gargalhadas de vocês.
Eu paro pra pensar e eu estive lá, encontrando cada amor de vocês, amando e odiando as escolhas que fizeram, palpitando em tudo. Eu paro pra recordar e ainda morro de rir.
Ainda sinto medo de perdê-los, ainda celebro o dia em que nos dissemos "oi" a primeira vez.
São dez anos ladrilhando pedra a pedra um caminho de amor, respeito, cumplicidade e profunda intimidade, nos compreendendo mutuamente em olhares. Mudamos cabelos, apelos, desejos, anseios, mas no fundo continuamos os mesmos.
Curamos feridas uns dos outros enquanto outras estavam sendo abertas. Somos todos diferentes cômodos de uma mesma casa.
Seguimos caminhos distintos, um amando construir família, outro amando sua música e o outro amando os planos para o futuro.
Mesmo sem saber a data exata do dia em que eu conheci vocês, vocês tornaram minha solidão em eterno andar junto. A minha vida sem vocês não seria tão feliz quanto é. Vocês são meu eterno prosseguIR, meu IR.
Xuxu: Que eu sempre possa te entender de longe e dentre seus mistérios achar sentido para os passos que você dá. Me carrega na mala da sua jornada porque eu te guardo sempre aqui no fundo das minhas mais felizes recordações. Seu complicado sempre será simples charada pra eu resolver. Eu amo e sempre vou amar te decifrar, eu sempre vou amar você.
Xuxuzinho: Eu vou passar a vida te ditando regras, te lendo em voz alta e te escrevendo em negrito. Que ainda existam segredos a serem compartilhados, que sejamos a consciência um do outro, que baguncemos as coisas que acreditamos por causa um do outro. Você é o palavrão que eu mais gosto de falar. Eu amo e sempre vou amar te exclamar, eu sempre vou amar você.
Aos meus amigos mais amados, um texto com mais sentimentos que palavras. Com amor descendo pelos olhos, com gratidão.
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
Meu parto
Na maternidade eu conheci muitas mães, mães de filhos vivos e mortos, mães de gêmeos, mães que tiveram parto normal tranquilo, difícil, induzido como o meu. Mães que tiveram cesáreas agendadas ou de emergência e todas elas tem algo em comum: sofreram de alguma forma para parirem seus filhos. A cesárea não é mais fácil que o parto normal, é um sofrimento e uma dificuldade diferente. Exige repouso, não pode levantar a cabeça, você fica dependente. Não pode tomar o primeiro banho sozinha, sem contar o acesso venoso que não pode ser retirado, então manusear o bebê é um desafio, mas elas fazem tudo por amor aos seus filhos. Às mães e pais que perderam seus bebês por uma fatalidade, eu desejo que o Senhor leve conforto e paz, as mães infectadas por alguma doença, eu peço a Deus saúde e misericórdia, às que quase morreram num parto de emergência, desejo que não fique nenhum trauma. Às que não tiveram acompanhante e permaneceram sozinhas por não ter uma família, desejo que o Deus da família lhes conceda essa graça. À todas as mães que conheci, desejo que Deus as abençoe sempre.
sexta-feira, 4 de agosto de 2017
Meu primeiro relato da gravidez... 2 de 2
Tem umas coisas que eu ouço que dão nervoso, como o desejo de que meu filho seja peralta. Tem mães frustradas que gostam de colocar pilha em você. Mas tenho sido forte e não tenho dado assunto. Aprendi a falar as coisas mais diretamente, quando não gosto de um comentário, eu respondo com franqueza. Tem muita gente que nunca engravidou que quer te dar dicas, dispense. Tem gente com simpatia pra isso ou aquilo, com crendice, com tudo... não dê ouvidos. Se a gente for levar em conta tudo o que falam pra gente, o momento mais feliz das nossas vidas vira um inferno. Vão falar do seu gato, do seu cachorro, do papagaio. Vão falar do que você come, pra você se agasalhar, vão falar da sua vida sexual (pasmem!), esquecendo que você tem um médico que vai te aconselhar sobre tudo isso. Ignore. Aprendi também a ser mais amável, hoje eu sei que a barriga de uma grávida é "propriedade pública" e que todo mundo quer fazer carinho. Eu deixo (a não ser que eu não conheça a pessoa)... afinal, é amor das pessoas.
A gente começa a entender nossos pais.
Eu aprendi uma coisa muito bacana que é receber pro meu filho. Desde que eu anunciei a gravidez que não ganho nada pra mim, mas sinceramente, não me importo. Não me importo nem se me esquecerem, desde que se lembrem do meu filho. Eu aprendi que o momento é dele e eu só estou ajudando ele a vir ao mundo. Ainda sim, as pessoas ao meu redor tem sido muito queridas comigo, sempre me perguntando da minha saúde e me ajudando na caminhada.
Ainda me sinto estranha, às vezes esqueço que estou grávida e meu bebê me dá um chute pra eu lembrar que ele está aqui. Não fico conversando muito com ele, porque pra mim ainda é muito estranho. Às vezes até bate uma culpa porque eu não sou aquela grávida que eu achei que seria, que fica cantando pro bebê e colocando música todos os dias. Depois eu me lembro que a maternidade pode ter mudado muito em mim, mas eu continuo sendo eu e tem coisas na gente que não mudam.
Dá desejo e desejo NÃO É CONVERSA de grávida. É incontrolável. E no meu caso é meu melhor momento de auto estima, nunca me senti tão bonita mesmo com o nariz inchadinho e uma bochechona. Minha barriga me faz sentir uma força da natureza. Não sei como vai ser depois, mas procuro nem pensar, já que sofro de ansiedade (hoje muito bem controlada), não deixo certas antecipações me preocuparem. Cada dia tem seu mal, disse o apóstolo Mateus (Mt. 6:34).
O nome: No mês de fevereiro eu iniciei com os meus alunos (meus maravilhosos alunos) da escola bíblica o Novo Testamento. Quando eu descobri que estava grávida, estávamos finalizando o livro de Lucas. Eu, como tive que estudar bastante pra conseguir ministrar as aulas, descobri em Lucas eu cara fantástico, apesar da Bíblia relatar muito pouco sobre como ele era. Foi possível entender durante a leitura de Lucas e Atos dos Apóstolos o quão meticuloso ele era. Sua curiosidade por Jesus, sobre os fatos que cercaram Seu nascimento e a ordem da disposição dos escritos, fora sua inteligência e disponibilidade em documentar o início da igreja, acompanhando o apóstolo Paulo me trouxeram fascínio.
Um jovem, dito médico, maravilhado pelos milagres de Jesus. Documentando a igreja primitiva e apoiando um dos maiores homens da história da Bíblia, inteligente e persistente no estudo da vida de Cristo... É esse tipo de homem que eu quero que meu filho seja. É um nome simples e até comum, mas que me apareceu no momento que eu soube que seria mãe. Não existe nada que eu queira mais do que um filho que sirva a Deus de todo o seu coração, que ame com a sua vida as Escrituras, que siga Jesus com afinco porque isso, na minha crença, ditará todo o seu caráter. Será um bom amigo, bom filho, bom marido, bom pai, bom em seu ministério se ele seguir as verdades da Palavra, a Palavra que controla tudo, a voz do Altíssimo. Acima de qualquer coisa, eu desejo que meu filho ame ao Senhor. E o Senhor é tão bom que deu um pai a ele que servirá de exemplo de estudo, de curiosidade, de amor pelas Escrituras (eu pago UM PAU pro meu marido em tudo, principalmente nisso).
Lucas quer dizer "luz". E o engraçado é que minha mãe sempre diz a mim e ao meu irmão "luz da minha casa" quando chegamos de algum lugar, ela nos recebe assim.
Eu agora vou experimentar o que é ter uma luz na minha casa. Meu segundo nome é Lúcia, que quer dizer "luz" também e as destrambelhadas da minhas primas me chamam de "Ana Luz". Pra quem teve uma gravidez "no escuro" por causa do atendimento público, tenho bastante luz pra "dar a luz" à luz da minha vida, meu Luquinhas.
Daqui um tempo eu conto mais sobre as aventuras de uma barriguda. That's all folks!
Obs: hoje eu consigo fazer o acompanhamento pelo convênio, não se preocupem. E as aspirantes a mães, tentem fazer um convênio antes de engravidar, assim você terá mais tranquilidade. Eu infelizmente não vou conseguir fazer o parto pelo convênio, mas Deus sabe de tudo. Cuide-se para não ficar no escuro.
Meu primeiro relato da gravidez... 1 de 2
Eu sempre quis ser mãe, desde criança eu tive esse desejo. Pensava que mesmo se eu não me casasse nunca, ainda sim eu queria um filho. Eu sei que muitas mulheres não tem a oportunidade de ter um companheiro para gerar, mas hoje eu entendo o quanto isso faz diferença na vida de uma mulher.
Meu marido é a pessoa com quem eu divido todos os momentos da gestação e só ele tem o amor pelo meu filho como eu tenho, pelo menos, o mais próximo do amor que eu já tenho.
A descoberta (4 de maio): Eu sempre tive períodos bagunçados, por isso tomei anticoncepcionais durante 8 anos da minha vida, em janeiro de 2017, depois de um ano e dois meses de casada, eu decidi que seria melhor para a minha saúde parar de tomar remédio e usar outro método anticonceptivo. Por causa do MITO de que quando uma mulher toma remédio por muito tempo, ela demora pra engravidar, eu estava relativamente tranquila. Não acredite nisso! Então usando de um método nada seguro, eu engravidei. Eu estava na casa dos meus pais morrendo de vontade de comer melancia. Não... Não é uma vontade normal, é como se você não pudesse mais viver se não comer uma melancia. Até então eu não estava preocupada com o atraso do meu período, porque antes do anticoncepcional, era desregulado mesmo. Então minha mãe começou e me fazer uma série de perguntas, mas por saber que eu era atrasada, ela achou que as coliquinhas que eu estava sentindo, eram um prenúncio do período. Ela foi dar aula de canto e eu fiquei encucada, mas certa de que EU NÃO ESTAVA GRÁVIDA.
Então pedi para o meu pai que comprasse um teste de farmácia só para desencargo de consciência. Ele comprou e eu fiz. Imediatamente duas fitinhas vermelhas apareceram. Foi um misto de alegria com susto. Eu tive um choro de três segundos, não conseguia acreditar. Contei para os meus pais e no mesmo dia a noite contei para o meu marido que ficou sem ação porque não estava nos nossos planos ter um filho agora, só daqui três anos. Eu ainda não sei em que circunstância eu engravidei, juro! Fico tentando lembrar que dia foi, mas não faço a menor ideia. Me lembro de uma ocasião (8 de abril) que tive um enjoo muito forte, mas como eu tenho gastrite, achei que era obra de uma coxinha, só que não.
(fotos tiradas no dia 4 de maio, dia da descoberta)
O primeiro mês pós descoberta: Então eu já estava no fim do primeiro trimestre quando soube da gravidez. Quando você sabe, no meu caso eu fiquei chocada ao ver como nosso corpo acorda para o fato. Eu não tive barriga, não tinha os seios grandes, não tive enjoos, nada. No momento que eu soube uma barriga louca apareceu, os seios ficaram enormes, e eu comecei a ter náuseas constantes. Não sei como isso se dá, se é o cérebro que aceita e confirma, mas acontece.
Eu passei a comer bem menos, já que tudo me enchia, meu humor estabilizou. Na TPM eu sempre tive picos intensos de stress, mas grávida eu fiquei um docinho, uma mansidão. Porém mais isolada e mais caseira. O amor que eu sentia pelo meu marido se intensificou tanto que a ausência dele me causava dor, sim... uma dor no peito, uma falta sem tamanho.
Com 13 semanas eu fui fazer meu primeiro ultrassom. Pare e pense numa coisa que te faz feliz. Agora multiplique essa coisa em um milhão. Não é tão bom quanto ouvir o coração do seu filho. Ver as perninhas se mexendo, a boquinha abrindo é surreal. Porém eu não estava com 13 semanas como a enfermeira tinha contabilizado, eu estava com 14 semanas e 3 dias. Tudo nessa gravidez foi muito tardio pra mim. A dificuldade no atendimento público é absurda. Não tive acompanhamento no início da gravidez, e isso é angustiante. A única coisa que me confortava era a certeza de que Jesus estava comigo o tempo todo e que Ele mesmo estava cuidando do meu bebê. Graças a Deus consegui fazer os exames essenciais, mas com muito custo e muito atraso. Hoje eu entendo porque tantas mães não conseguem saber de doenças pré-existentes, síndromes e outros problemas antes do nascimento da criança, é porque a rede pública, pelo menos no meu caso, não coloca urgência no atendimento das gestantes, elas ficam no escuro. Eu fiquei no escuro.
O sexo do bebê: Desde que eu soube que estava grávida, eu sabia que era um menino. Não conseguia imaginar uma menina. Eu só tinha interesse por coisas de menino, sonhava com ele. No dia do ultrassom, meus pais foram, meu irmão e minha cunhada também, meu marido estava ansioso e todos nós ocupamos a salinha. O médico viu logo o sexo, mas fez um suspense. No momento em que ele falou que era menino, meu coração parecia uma escola de samba. Eu estava com 19 semanas, foi lindo! A família presente torna tudo mais lindo ainda. Apesar de minha cunhada e minha mãe quererem uma menina, elas comemoraram junto. Essas coisas fazem a vida valer a pena.