Ana Vífer

Ana Vífer

sábado, 24 de agosto de 2013

Não cabe.

Não cabe em mim.
Me transborda e transporta.
Não cabe no corpo, nem na mente.
Não cabe no espírito, nem na alma.
Não cabe no coração.
Me salta, exala.
Não cabe no alto do meu ser.
Não cabe no profundo do meu eu.
Não cabe nas palavras que profiro.
Não cabe no silêncio que guardo
Me consome, me envolve.
Não cabe no meu canto.
Não cabe no meu toque.
Não cabe no meu olhar.
Não cabe no meu carinho.
Me desmede, me sacode.
O seu amor não cabe no vaso que sou.
Nem na tigela que me fiz.
Não cabe na estrada que trilhamos.
Não cabe no guarda-roupa dos desejos.
Não cabe nas malas do futuro.
Não cabe no muro da individualidade.
Não cabe nos beijos.
Não cabe nos abraços.
Não cabe nos laços e os desata.
O amor não cabe na mulher que sou.
Não cabe na minha fortaleza.
Não cabe na minha fraqueza e nem na minha franqueza.
Não cabe nos meus hábitos.
Não cabe no meu orgulho.
Não cabe no meu mundo.
Não cabe na minha vida.
Mas é melhor que sobre amor... que sobre amor e eu sempre recolherei o que no chão cair.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Estrada

O amor tem curvas. Às vezes não dá pra fazer ultrapassagens, tem obstáculos. No amor se corre a dois, de mãos dadas e se um se cansa, o outro tem que parar e oferecer força.
O amor não é mão dupla, é viagem de ida e só de ida. O amor é cachoeira, não sobe as pedras, só as desliza.
No amor quando um tem sede, nem que o único líquido seja a saliva, deve-se dar.
Amor tem temporal, tem nuvem cheia, tem sol ardido e tem areia. O temporal às vezes desgasta o brilho da nossa pintura, e a nuvem cheia escurece nossos dias coloridos. O sol ardido às vezes traz delírios e a areia cega nosso olhar... Mas só por um tempo.
Porque quando a chuva passa e as nuvens se vão, a sombra fresca vem e a o vento se acalma fazendo a areia se aquietar, o amor floresce de novo lindo, vívido.
Não tem como saber como vai ser o final da estrada, mas não se pode parar e nem desistir. Se for preciso caminhar manco, rastejar-se, quebrar o ego no meio, sair das manias e dos costumes para que o caminho seja percorrido, que assim seja.
A todo custo, escolherei o amor e toda a sua essência, mesmo que ele tenha que tomar conta das minhas mais antigas convicções, das minhas maiores valias de juras de amor, dos meus mais exigentes contentamentos, eu dou lugar para o amor.

A TPM

Não existe nada pior que a minha TPM. Ela me pega de uma forma descomunal, sem dó e nem piedade. Enche meus olhos de lágrimas se estou feliz, se sou ignorada, se as coisas não são conforme as minhas expectativas, se me olham torto, se eu não ouço "eu te amo", se não vejo resposta nas minhas propostas. A TPM me arrasa, e sei que faz isso com um monte de outras amigas minhas. Ela nos sensibiliza de uma jeito que chega a ser ridículo, é cafona. Na TPM a gente ama mais, odeia mais e se não odiamos, passamos a odiar. Tem mais ciúme, fica extremamente carente de coisas que normalmente nem notamos a falta. Na TPM qualquer motivo é motivo para que um stress venha nos atormentar e o espelho vira inimigo. Dá raiva de nós mesmas, das nossas exigências, das nossas esquisitices, do nosso desespero. Aquela vontade absurda de chocolate e guloseimas que engordam e nos incham ainda mais do que já estamos inchadas nos deixam totalmente loucas!
Quem nunca chorou de madrugada numa crise de TPM? Quem nunca brigou com as pessoas por causa da TPM? Quem nunca brigou consigo mesma por causa da TPM?
Mas por que ela insiste em se manisfestar? Por que ela quer tanto nos tirar do sério e nos chatear? Por que ela nos leva a chatear as pessoas?
O namorado sofre, a mãe sofre, o pai sofre, o irmão sofre e nós sofremos mais do que todo mundo!
Só há um remédio eficaz: AMOR.
Amor com exagero, amor como raramente se tem, amor daqueles bem melosos de novela, amor declarado, amor apaixonado. Toda mulher de TPM gosta de amor. Não é de flores, nem de grandes declarações de amor, é do amor requisitado, é do amor implorado.
Porque na TPM nós entramos em um estado de queda de autoestima, de auto desvalorização, não vemos beleza em nós e isso mais do que emocional e biológico e incontrolável. A mulher satisfeita com o corpo se detesta e a confiante fica insegura.
Na TPM tudo que é simples fica complicado, o raciocínio muda e as ideias mudam. Quem ama sua casa quer se mudar, quem gosta de cães se apaixona por gatos, quem ama crianças passa a detestá-las e o contrário também acontece.
Existe outra cura plausível para a TPM também em alguns casos: SOLIDÃO.
Eu particularmente não sou esse tipo de mulher, pra mim quanto mais carinho melhor. Talvez eu seja uma mistura das duas coisas. Poucas palavras e muito carinho? Será? Talvez sim.
Para as que amam solidão, se isolam dos efeitos da TPM que pode estragar todo o humor de qualquer pessoa que a rodeie, o silêncio, estar encurralada a si mesma é o ideal. Não ter que explicar é mais fácil.
Eu fico imaginando para aquelas que tem que trabalhar e conviver com outras pessoas. Devia existir uma LICENÇA TPM para as mulheres. Incomunicáveis, sensíveis, aéreas, briguentas, enjoadas, doloridas, inchadas, com espinhas, malcriadas, malvadas, choronas...
Eis uma grande questão: Será melhor ter TPM ou não? O que nos separaria da rotina séria, civilizada e cautelosa se não fosse a tal "maledetta" TPM? Seriamos como aquelas mulheres que são iguais 365 dias por ano, sem metamorfose, sem o "encasular" da TPM e o "borboletear" da TpósM.
Sei que meu namorado que vai ser marido daqui um tempo terá que aguentar meus roupantes de personalidade até que a menopausa aplaque toda a beleza da minha TPM odiosa. Talvez minha filha ou filho fique descabelado com minhas alterações de humor. Só sei que minha feminilidade fica totalmente nua e exporta ao me ver em pleno estado de TPM, eu pouso sobre um eu desconhecido alguém que nunca vou gostar, mas que me ajuda a ser mais livre do que eu tenho que ser.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Meu, seu... NOSSO.

Conforme o tempo vai passando, os nossos laços vão se estreitando e o que é um simples namoro passa a ser o seu plano da vida inteira.
Comprar pensando nas finanças pessoais, não existe mais. Estudar pensando na riqueza do próprio intelecto, não existe mais. Ter uma família para satisfazer os desejos afetivos e o instinto materno, não existe mais. Planejar viagens sozinha, não existe mais. Tudo é feito em conjunto. 
Se comprar, é pensando nas nossas finanças e seu dinheiro não é mais só meu e nem há incomodo nisso. Se estudar, é pensando no que há para dividir com você. Família é para se fazer perpétuo o meu amor por você nos olhos dos nossos filhos e a dor de um parto nem é tão importante. Viajar, conquistar coisas, ver e sentir tudo durante a vida só tem graça se for acompanhada com você que faz tudo ficar melhor.
Até nos momentos separados pra estar sozinha e pensar na vida, existe aquela hora em que o pensamento voa com largas asas até você, meu amor.
Tudo vai se encaminhando para que o "eu" passe a ser "nós". O nosso carro, o nosso dinheiro, a nossa viagem, a nossa família, os nossos amigos, as nossas coisas, até mesmo as nossas roupas. "A sua blusa que me veste quando faz frio", "a minha meiazinha que cabe no seu pezão", as nossas alianças, o nosso futuro lar, os nossos futuros filhos.
Tudo vai ficando estreito, a mãe de um passa a ser a mãe do outro, o pai do outro passa ser o pai de um. O amigo dele é meu amigo, a minha amiga é amiga dele. 

E é tão bom quando podemos ir com confiança, é o NOSSO DEUS que nós servimos, são os nossos irmãos da igreja, são as nossas músicas, os nossos eventos, a nossa igreja, os nossos pastores. O meu cabelo passa a ter o estilo palpitado por você e o seu pelo meu.
São as nossas vidas, as nossas preocupações, as nossas orações, os nossos sonhos e eu quero sonhar com você todos os sonhos que combinam e aprender a sonhar aqueles que eu nem conheço ainda.
Nossas risadas, nossos choros, nossas histórias, nosso... nosso... nosso...
E o que é metade é nosso sonho que seja uma mescla, uma mistura, uma vida em dois corpos, um espírito em dois corpos, só a alma para ser pessoal.
É bom quando desde o começo temos respostas de Deus nas pequenas coisas, e no “seu que é meu, meu que é seu” existe uma grande resposta de Deus.
Quando não dói dividir, quando compartilhar é um prazer, quando se planeja para dois, quando se come a metade para o outro não sentir fome, quando existe prazer em doar o que é seu, aí existe real amor.

“Eu que o amo como amo a mim, lhe dou o que me cabe e o que me caberá. Porque dando o que é meu a ti, seu que nada me faltará. Se que quando lhe concedo, tu me concedes o que é seu, torna-me refém de todos os teus esforços e não quero mais sair. No amor, nada é perdido, tudo é ganho porque o que se faz com amor para o outro, recebe-se na mesma medida.”

- AnaVífer

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Mais espaço para o que importa

O dia já começa turbulento, sono atrasado, correria pra sair de casa. Come-se rápido, o stress do transporte público, "bom dia" dado com mal humor.
Trabalha-se com vontade de chegar logo em casa, mas sempre há algo mais para fazer. O almoço segue corrido, digestão bem feita é luxo! 
Poucos sorrisos com coisas simples, poucas retribuições de afeto, falta de paciência até para quem diz "eu te amo". Parece errado, não é hora de amor, é hora de produzir. Notas pelo menos aceitáveis na faculdade já estão de bom tamanho, então concentração para não falhar no básico já que o dia já consumiu todas as energias.
Do amor fala-se pouco, para a mãe, para o pai, para os irmãos, para a esposa (noiva, namorada) e o stress traz a lembrança só do que não é bom, como se carregasse tudo o que é negativo consigo. É um sentimento de insatisfação, luta-se tanto para ter algo com que compartilhar com alguém, e cuida-se tão pouco do destinatário dessa luta. Dinheiro, dinheiro, dinheiro... roupas, sapatos, contas, emprego, chefe, professor, reitoria, cheques, cartão de crédito, restaurante, facebook, instagram, críticas, frustrações, exigências, descontentamento e um muro vai se erguendo dividindo nossos sonhos do motivo pelo qual deveríamos sonhar: PESSOAS.
"eu te amo", "obrigado", "está tudo bem", "me desculpe", "eu adoro estar com você", "senti sua falta", "bom dia, "boa noite", "com licença". Compreender, esquecer, deixar pra lá... enfim, ser leve. Lembrar-se do que realmente importa, as pessoas que amamos, as pessoas que nos amam e que suportam a nossa rotina, nossos compromissos, nossa falta de dinheiro, nossa falta de cuidado e todas as coisas que dividem os relacionamentos.
A resolução do problema? Não vou dizer... Uma simples reflexão trará todas as respostas. Uma dica? Não deixe o amor ficar de lado em meio as suas correrias, corra com ele nas mãos, lembrando sempre que ele deve ser o maior motivo pelo qual queremos possuir coisas.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Compreensão

Compreensão é, por exemplo, cogitar que o preguiçoso seja alguém que se sente incapaz. Que o murmurador seja alguém pouco motivado. Que incrédulo seja alguém infeliz com a fé que lhe foi apresentada. Que o "bobo" seja alguém cansado de discutir. Que o "mole" seja alguém inapto a brigar. Que alguém que foi falso seja alguém confuso ou diplomático demais. Que o lunático seja alguém que viveu uma realidade bruta demais. Ser compreensivo é colocar um "porém" em todas as críticas pré elaboradas, é tentar encontrar uma fraqueza em quem te incomoda de alguma forma. Ser compreensivo é saber que aquele que parece insensível já pode ter sofrido demais. Há muitas formas de compreender, você pode aceitar simplesmente, manter-se longe para se proteger ou ajudar por amor ao próximo e só.
Compreender é saber que nem tudo é sem motivo, que todos tem um passado, que dores são diferentes em cada corpo e em cada mente, que sentimentos ruins mancham um caráter, que poder pode subtrair escrúpulos, que informação distorcida pode trazer preconceitos e que quem mensura suas mazelas são as pessoas que as sentem.
Compreender às vezes é colocar-se no lugar do outro, muitas vezes perceber que não seria capaz de imitá-lo e ainda sim, preferir não apontar. Compreender é calcular-se, medir-se, examinar-se e reconhecer que não se pode fugir de ter defeitos.
E se no fim das contas, chegar a conclusão de que não existe como aceitar ou compreender certas coisas... afastar-se e filtrar o que parece bom.