Ana Vífer

Ana Vífer

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Deixa...

Deixa que eu invada sua mente, sua memória, que meu cheiro invada suas narinas e que impregne sua roupa. Deixa que eu me meta nos seus papéis, que eu mexa nos seus discos, que fuce nos seus livros. Deixa que eu molhe seus olhos, seus lábios, que reluza seu sorriso na luz do meu olhar, que só brilha porque te avista chegar.
Deixa que eu cutuque sua mente, catuque seu samba, futuque seu coração e ache no fim das batidas o início do resto da minha vida. Deixa que eu volte sem ter que ir, deixa que eu afague seu peito no leito em horizontal, amor da minha eternidade. Deixa que eu seja seu quintal, a caixinha de fósforo que swinga cada canção, o sabor de melancia no beijo de limão.
Deixa que eu sujeite meus dias aos seus, deixe que eu entre e invada todos os cômodos sem reserva. Deixa que eu mude o canal e a cor do céu, anoiteça ao meu lado, eu amanhecerei dentro do seu coração. Deixa que eu dê seus medos aos ventos e que enraíze minhas vontades dentro de você.
Deixa eu mexer com seu juízo e que eu dê prejuízo no seu maxilar de tanto rir, rir de se acabar. Deixa eu comer na tua mão, tirar seus pés do chão, deixa eu te mostrar como é fofinha uma nuvem de algodão.
Me permita, só hoje, que eu seja sua marmita de arroz e feijão. Me permita pra sempre ser a semente que dá no seu chão, que cresce regada à olhadas despretensiosas e palavras desejosas, deixa que eu seja seu bem estar, sua sala-de-estar, seu hall, seu avião.
Porque amor, eu gosto de ser tudo o que for seu, desde o Apolo até Prometeu, mitologia sacra dos seus dias, eu gosto de ser alguém se eu for personagem da sua realidade. Deixa eu virar do avesso seus avessos, revelar seus retratos e botar cada um na parede da minha história. Deixa eu esconder nossos diálogos num frasco, deixa eu morder a maçã da sua face, adormecer nos seus braços.
Eu quero ser tudo o que for de você, ter tudo o que for seu, deixa?
Eu... Eu sou sua imaginação pura e primitiva, sua lembrança intuitiva, seu cansaço, seu amasso, seu trabalho e não tenho dó. Sou sua voz emitida, sua risada sentida, seu choro rasgado, seu cartão estourado, seu terno remendado, seu sapato folgado, seu dia ensolarado, seu desejo encarnado. Sou sua loucura, sua noite sem dormir pensando em mim, o choque da fissura, refém e frisson.
Então deixa que eu seja, que eu seja a paz, que eu seja o caos, importa que eu seja sua desde o que se chamou ontem até o que se chamará "para sempre".

quinta-feira, 26 de junho de 2014

A verdade sobre o perdão.

É preciso fazer a coisa acontecer de verdade... o tal do perdão.
É uma palavra bonita, proveniente de Deus, curadora, e em tese é fácil, mas não é não. Na hora do vamos ver não é, não é mesmo.
Eu inventei muitos "perdões", mil perdões, eu inventei mesmo. Mas não senti realmente.
Eu fingi que apaguei da memória e em alguns dias eu realmente não senti que havia qualquer vestígio de amargura e rancor, mas quando confrontada com o meu eu, eu vi que eu ainda cultivava por puro orgulho as deliciosas sementes da autopiedade e da autoproteção como se eu fosse um ser que não merecesse suportar e perdoar as falhas dos outros, afinal de contas, eu sou ou não sou perfeita? Eu sou... só que não, definitivamente não.
A mágoa tira folga com a vida que levamos, ela tira folga nos momentos de alegria e de preocupação. Em meio a correria ela desaparece, mas basta bater de frente com quem te deixou magoado que tudo vem à tona. Às vezes sutilmente, sorrateiramente em meio a uma brincadeirinha com fundo de verdade, em meio a um passeio pelo facebook, na timeline aquela pessoa te causa aversão ou raiva, sentimento de traição ou uma indiferença mortal.
Para perdoar é necessário primeiro entender que somos todos errantes e que todos um dia magoamos alguém e que não somos seres intocáveis fechados em uma redoma de dózinha... "ai coitadinha de mim, tão boazinha, tão amiga e levei uma facada...". Balela, se ainda não ferimos alguém, talvez, com "mais pra sim do que pra não" faremos alguém ficar triste.
Para perdoar é necessário entender que aquela pessoa talvez jamais se arrependa e como nós ela pode estar se sentindo com razão e atingida.
Para perdoar é necessário deixar de ser implicante, de ver pelo em ovo, de maldar, de xingar, de praguejar, de repelir e principalmente de cultivar aquele ódiozinho gostoso, que faz cócegas no ego deixando aquela frase pairando no ar: "eu tenho direito".
Sim, perdoar é mais do que tudo querer bem a si mesmo, ter coragem de querer bem ao outro de novo mesmo ele não merecendo e mesmo ele podendo fazer a mesma coisa ruim novamente. Será que é possível perdoar?
Não digo que vá pegar na mão e enfiar dentro de casa como se nada tivesse acontecido, isso é amnésia, não é interessante para ninguém se esquecer, mas é interessante para todos decidir por deixar que essa memória cicatrize por inteiro. Como um dedo cortado de fora a fora que teve que ser costurado e enfaixado, que trouxe dor, mas que agora é só mais uma cicatriz que doeu, mas não dói mais.
Eu mesma tenho uma cicatriz no dedão por cortar o leite com uma faca afiada demais para essa tarefa e por não saber manusear a faca... Eu mesma tenho uma cicatriz no coração por ter tido pessoas em minha vida que eu achava que conhecia que eu não soube introduzir na minha história e que me machucaram. Hoje essas pessoas estão suturadas e cicatrizadas, sem trauma, sem dor... só lembranças de um dia que passou e não tem que ficar voltando para despertar em mim sentimentos, comportamentos e conceitos que eu mesma reprovo, que eu não gosto.
Sei, e como sei que ainda há lixo tóxico e entulho para ser retirado da minha vida, há quem perdoar e existem pessoas que eu terei que perdoar todos os dias, da mesma maneira que pode-se amar diferente todos os dias, terei que perdoar com intensidades diferentes todos os dias.
Difícil, né? Também acho... Acho até que seria mais fácil virar um ser duro, frio, de ferro, pronto para revidar cada soco e cada pontapé, mas eu acho que ser assim é ainda mais desprezível do que ter que sofrer um pouco para enfim, aprender a lidar com os meus próprios ferimentos, sará-los e tocar minha vida.
Concluo que o perdão só pode acrescentar em mim, me deixar livre. O perdão é lindo porque ele é conquistado por você, como uma maratona em que se chega por último, mas por fim se chega... às vezes não tem medalha, mas tem honra por conseguir correr até o fim.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

A mãe que um dia eu quero ser.

Eu ainda não sei como é sentir o amor de mãe e de pai. Dizem e eu imagino que ele seja incondicional e forte, semelhante ao amor de Deus por Jesus Cristo.
Quando Deus enviou seu filho a terra, eu imagino a dor que Ele sentiu, mas Ele preferiu que Jesus cumprisse seu propósito. Eu imagino o sofrimento do Deus Todo-Poderoso quando seu filho foi humilhado, espancado, cuspido, ferido em seus sentimentos e em sua moral, mas mesmo assim Ele deixou que fosse cumprido o dever. Jesus não estava sozinho, por diversas vezes Ele recorreu ao Pai para perguntar coisas e para pedir coisas porque é isso que um filho sempre vai fazer, recorrer ao Pai nos momentos difíceis.
Deus continua sendo modelo perfeito de paternidade quando nos trata com justiça e nos dá segundo as nossas obras.
Deus não passa a mão em nossas cabeças, mas também não nos deixa só. Ele sempre está nos tentando fazer amadurecer, crescer, evoluir segundo o que Ele oferece de melhor e modelo de vida através das Escrituras.
Eu fico observando o Senhor Deus e fico imaginando o dia em que eu tiver o meu filho. A primeira vez que ele comer a bolacha que cair no chão. A primeira vez que ele for pra escolinha, a primeira vez que ele se meter em uma briga, a primeira vez que ele se apaixonar. Em quando ele der o primeiro beijo, em quando ele conhecer as coisas do mundo, em quando ele for pra faculdade, em quando conhecer a primeira namorada séria para casar. Em quando ele for pai e responsável pela casa dele, em quando ele tiver que cuidar da educação dos filhos dele e que mãe melhor eu poderia ser se não aquela que ensina como andar ou invés de quebrar as pernas do meu filho?
Infelizmente existem muitas mães e pais que aprisionam seus filhos, tomam posse das asas dos filhos, dos desejos dos filhos e não ensinam a fazer sozinho, ensinam a depender deles.
Tem mãe que sufoca seu filho. "Meu filho não come isso", "meu filho não vai ter um amigo assim", "meu filho não dorme com esse cobertor", "meu filho pensa assim", "eu quero que meu filho estude isso", "eu quero que meu filho case com fulana ou que não se case com ninguém"... É uma série de "eus" que cortam as asas das pessoas, forma pessoas inúteis, inseguras, incapazes, infelizes e cheia de "ins" durante a sua vida.
"Ela casou com o meu filho, mas ele é meu"... Nisso não há a inteligência de perceber que o que uma mãe dá a um filho nenhuma outra pessoa poderá dar igual ou melhor, e o que a esposa dá ao marido é outro tipo de amor, outro tipo de afeto que ele precisa pra viver bem. Os dois são precisos, cada um ao seu tempo e da maneira certa.
"Ele não é bom o suficiente para a minha filha"... Se você criar sua filha para aprender a escolher um homem bom, você não vai precisar dizer isso. Pais tem criado filhas limitadas emocionalmente, que não sabem discernir o homem bom do ruim. São pais ruins que não dão referências boas e querem que suas filhas escolham o que aos olhos deles é ideal. Como filha e amiga de filhas espalhadas por ai eu digo que se você não é um bom exemplo de esposo, sua filha vai sempre arranjar um homem que seja diferente de você. Isso pode ser bom... mas às vezes pode ser muito ruim.
Os filhos se casam e os pais continuam tratando seus filhos como incompetentes debiloides que não sabem pagar contas, fazer a compra, limpar a casa, educar os filhos, lavar as roupas, cuidar da casa, se divertir a dois... Se não foi ensinado isso antes de casado, não adianta querer ensinar depois, porque depois do casamento temos que saber arcar com todas as responsabilidades que vem no pacote.
Ela vai ser sempre sua menininha, mas você tem que cria-la pra ser uma mulher responsável, que cozinha, que trabalha fora (ou não... isso é escolha dela), que tem opinião, que sabe se comportar, que sabe conversar, que tem ideais e sonhos, que tem metas e que sabe ser esposa e mãe, profissional e amiga. É responsabilidade dos pais formar aquela mulher sábia que edifica a sua casa.
Ele vai ser sempre seu menininho, mas você tem que ensinar ele a ser o homem da casa, estudioso, competente, fiel, educado, vaidoso, carinhoso e romântico, equilibrado e paciente. É da competência dos pais formar um Jacó para uma Raquel... e a Raquel é ele que escolhe e não você.
É importante que os pais ensinem seus filhos a ter casamentos abençoados e desejar que eles se casem porque isso é bom e lindo aos olhos do Senhor, que tenham filhos e que saibam sozinhos a criar esses filhos.
É triste que os pais tenham tanto medo de ver o filho crescer! Crescer é bom! Talvez não tão bom para os pais por ver seu filho partir para a independência, mas é bom pro filho ter independência.
Não... não quero dizer que os filhos devem se esquecer dos pais, serem como o filho pródigo que exigiu sua herança antes da hora e partiu, depois se arrependeu e voltou, mas é importante que sejamos semelhantes ao Deus Pai sabedor de todas as coisas, que mesmo sendo Pai do Salvador da humanidade soube solta-Lo no momento certo e recolhe-Lo no momento certo. Soube protegê-Lo no momento certo e soube deixar que fizesse o que devia sozinho no momento certo.
Eu quero ser uma mãe que respeita a intimidade do meu filho e que lhe dá confiança o suficiente para que ele me conte o que ele precisar contar sem nunca ter medo da minha reação.
Eu quero ser a mãe que incentiva meu filho a crescer sem depender de mim mesmo podendo me requisitar se for necessário.
Eu quero ser a mãe que deixa às vezes meu filho ver para crer, que não mente, não esconde e que não inventa cegonha toda vez que me for feita uma pergunta embaraçosa. Eu quero ser a mãe que sabe como responder baseada na sabedoria do Espírito Santo.
Não quero ser a mãe que se intromete na comida da nora, que fiscaliza a vida do filho casado, que critica a hora que minha nora deixa meus netos acordarem e que fica observando o que minha nora faz. Eu quero criar um filho que saiba escolher a esposa certa e que saiba conduzir seu casamento com sabedoria.
Eu não quero ser a mãe que se enfia todo final de semana na casa do filho e exige um momento com o filho sempre. Eu quero que meu filho sinta falta de mim porque gosta da minha presença e não porque eu a imponho para ele.
Talvez eu esteja tendo um sonho utópico, mas eu sonho em ser uma mãe como a minha. Eu sonho em ser mais leal do que ameaçadora, mais amada do que temida, mais respeitada do que ignorada, mais querida do que imposta. Há quem diga que minha mãe me deu muita liberdade, mas acredite, eu não dei errado.
Há quem diga que minha mãe me protege demais, mas acredite, ela me deixou cair muitas vezes para que depois eu mesma percebesse o que não deveria ser repetido.
Há quem diga que minha mãe é brava, mas ela é uma das pessoas que mais me faz rir. Eu confio nela porque eu sei que posso dizer qualquer coisa que eu esteja passando ou sentindo.
Há quem diga que minha mãe não liga muito para onde eu vou, mas acredite, os joelhos dela estiveram continuamente dobrados por mim e por influência dela, meus joelhos também tem o costume de se dobrar diante de Deus.
Sim, eu como de tudo! Sim, eu sei dizer não! Sim, eu tenho minhas próprias convicções! Não... eu nunca larguei Jesus e tudo isso porque minha mãe nunca buscou ter o maior lugar na minha vida, ela fez sem força alguma que eu a desejasse em minha vida. Ela tem me ensinado a ser esposa, a ser mãe, a ser mulher e tem se deixado aprender pelo que vivi também.
Admiro muito a minha mãe, porque ela não precisou nunca ser autoritária, mas sempre teve autoridade. Ela nunca precisou me prender em casa, eu aprendi onde não ir sozinha e não fui. Ela não precisou me proibir de assistir ou ouvir nada, porque eu aprendi. Ela nunca desejou que eu nunca me casasse pra fazer companhia a ela, ela sempre sonhou com a minha felicidade e sempre deixou claro que ela saberia viver longe de mim depois que eu me casasse. Ela nunca quis escolher com quem eu iria me casar, mas me ensinou como é que um homem bom seria.
Eu sei, ainda não sou mãe... eu ainda não sei como é, o que se sente. Mas se minha mãe foi capaz de tamanho equilíbrio, eu quero essa mesma sabedoria.
Você pode e deve ajudar seu filho, seu filho pode e deve te dar todo o amor e carinho do mundo, mas que haja sabedoria em tudo, de um para o outro e vice-versa.
Porque acredite ou não... o primeiro a falar mal dos pais, é o próprio filho, mas o primeiro que deve exaltar e honrar o pai é o filho também.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Ele me fez toda feita de amor.

Não é uma simples história com linha do tempo, nem só um sentimento lindo, não somos só duas pessoas, estou experimentando ser o amor.
Eu me perguntava como seria quando encontrasse o homem da minha vida, aquele que abalaria minhas estruturas mal feitas e as refaria numa métrica perfeita de medida ou de um rap. Me perguntava se existia mesmo um amor capaz de suportar a chatice matutina, a rotina, as minhas besteiras de menina.
Eu não sabia ao certo e hoje me dá vontade de chorar, chorar de amor mesmo, deixar escorrer pelos olhos toda a gratidão que eu tenho por poder viver isso.
Agora eu sei o que é querer desesperadamente me casar pra olhar naqueles olhos castanhos todos os dias, pra ouvir sempre uma canção na voz dele. Agora eu sei como os dias úteis podem ser longos e como os com ele parecem passar voando. Arrumar as malas e voltar pra casa, deixando com ele tudo que tenho de mais importante e trazendo comigo só o corpo e nada mais.
Se um dia, nos meus sonhos mais vagos eu pudesse compreender o que é exatamente querer um homem pra ser meu porto seguro, eu não teria vagado pelas pedras, jamais teria me ferido nas pedras. Querer e querer tanto que dói, amar e amar tanto que é impossível descrever... Que louco isso!
Ver e conhecer todos os defeitos e pensar "esse menino é impossível", ficar irritada e depois pensar outra vez "esse menino é impossível de não amar".
Meu anjo é tão alto que posso aconchegar minha cabeça em seu peito na vertical de um ônibus cheio e não sentir medo de nada. Meu homem é tão menino que posso rir sem parar até sentir dor de barriga. Meu menino é tão homem que não precisou de princípios de berço pra ter um caráter impecável, pra ser de Deus, pra nos conservar em um cordão com Deus.
No som da voz dele eu consigo ouvir a resposta para os meus pimpolhos dizendo "papai" e ao mesmo tempo ouvir um sussurro dizendo "minha branquinha". Nos olhos dele eu consigo ver a firmeza de um grande homem e a doçura de um sonhador.
Ele é tão admirável... Ele me faz tão bem. Dá pra eu me sentir culpada pelo meu temperamento difícil quando eu vejo no rosto dele toda aquela calma, aquele ar de resolvido, aquele jeito de quem sabe mais do que eu e ele sempre sabe. Minha vida, meu preto, conquistou meu coração de uma maneira que ninguém no passado pôde fazer.
É o amor de tudo em mim, me fez melhor, me fez crescer e me deu oportunidade de ensinar. Ele é tão grande quando é pequeno e melhora depois que erra.
Dizem que um dia a paixão acaba, que só fica o amor, mas todas as vezes que dá saudade e que ela bate forte dentro do peito, a paixão renasce como uma fênix e eu não sei mais quando as teses e estudos sobre sentimentos fazem sentido.
Quando a gente ama, vai além da química, além do plausível e do palpável. Não é um hormônio que determina até onde vai a vontade de estar junto, é só porque você se torna todo feito de amor.
E você fica meloso, como eu estou melosa e fica sonhando e mesmo quando a realidade bate na sua cabeça te lembrando como a vida é difícil, você ainda ama e ainda quer. As perguntas "você quer mesmo casar?" ou "você quer mesmo ser mãe?" ficam parecendo um monte de lixo no canto do quintal e tudo faz sentido depois do culto em uma conversa boa no busão voltando pra casa.
Ah, Leny's... meu amado, meu plebeu encantado, meu bacharel engraçado, meu simples rei, meu futuro marido, meu amor desde o início, é com você que eu quero passar todos os dias até que eu envelheça, até que eu fique chata, até que você tenha cabelos brancos e até que Cristo venha.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Um amor, só por hoje.

É preciso tomar cuidado para não perder a sensibilidade de achar beleza no rostinho de uma criança, aquela sensação de que todos os bebês são lindos não por causa de beleza meramente visual, mas aquela beleza da pureza do rosto de uma criança.
É preciso tomar cuidado com a falta de percepção da tristeza de alguém, com o fato de ignorar a dor de alguém e tentar não deixar a frieza nascer dentro do coração.
As pessoas estão sendo críticas com amor, com demonstração de afeto. Não se pode mais expressar o amor pelos filhos demasiadamente como se o amor fosse mensurável para uma mãe. Não se pode mais demonstrar carinho por um cônjuge como se isso fosse um atentado a ordem pública. Os romances viraram marketing e mero sexo, as crianças viraram seres irritantes que choram e fazem arte e o mundo está sendo populado por robôs sem sentimento e sem sensibilidade.
Não se percebe mais uma florzinha nascendo no asfalto em uma cidade suja, e é assim que o amor está, sendo oprimido pela dureza do concreto da parcialidade emocional.
Maridos não beijam mais suas esposas, filhos não sentem mais falta dos pais (em vida), mães colocam seus filhos em milhões de atividades extracurriculares para terem mais tempo para si e já nem sabem mais qual a cor preferida de sua criança. Pais se separam sem perceber a dor que seus filhos carregarão para a vida, avós são esquecidas. Romance? Pra que? Pra enriquecer lojistas no dia dos namorados?
Homens não compram mais lingeries pras esposas, não se importam mais com manter a harmonia e a funcionalidade do seu lar, sequer trocam a lâmpada que queimou. Esquecem daqueles dias de sono perdido com o coração batendo forte de paixão pela amada e o pior de tudo é que não fazem nada para resgatar o que se perdeu.
Esposas dão tanta importância para a independência que esquecem as vantagens de serem cortejadas, desejadas, e dependente no melhor sentido da palavra.
Filhos se esquecem que a vida dos pais é finita, e que um dia vão sentir profundamente e irremediavelmente a dor da partida de seus pais dessa vida. Ainda não aparentemente não sejam bons pais, no fim, vai doer e o remorso vai aparecer.
Pais se esquecem de ter um papo agradável com seus filhos, sobre os interesses de seus filhos. Sem cobranças sobre escola ou trabalho, só um papo leve sobre aviões, música, esportes ou vídeo games.
Mães se esquecem de dizer às filhas que elas são lindas, que sentem felicidade de tê-las colocado no mundo. Não falam sobre cabelos e esmaltes, meninos e roupas.
Tudo muito vago, muito mecânico. Acorda, criança na escola, trabalho concluído, casa, afazeres domésticos, contas, sono e terminou o dia.
Falta perdão, reconciliação, vontade de voltar atrás. O orgulho anda devorando as pessoas, são ocas. Não amam mais, não desculpam mais, não desejam mais (só dinheiro, isso desejam).
E eu me pergunto se vamos congelar de uma vez, se vamos virar seres dotados de todos os tipos de mecanismos de defesa e ataque possíveis. Me pergunto se vamos encarar sempre o outro como um elemento complementador do andamento sociológico normal e não como os grandes amores de nossas vidas, as pessoas que amamos, nossas famílias, nossos filhos amados, maridos desejados, esposas maravilhosas, e pais muito queridos.
Só por hoje desculpe, perdoe, afague, esqueça a implicância. Só hoje é bom fazer um esforço, não deixar isso para o Natal ou para a morte. Só hoje, como os dependentes químicos em recuperação que fazem a mesma tentativa todos os dias, deixe a frieza de lado, só por hoje ame!

terça-feira, 15 de abril de 2014

Quando uma amizade termina.

Uma amizade pode começar de muitas formas. Algumas vem da amizade de duas mães que criam seus filhos juntos e fazem deles grandes amigos. Pode vir da escola, das brincadeiras de rua, da igreja, do judô, da academia, de um bar. Pode vir do amigo de um amigo, do namorado de uma amiga, de uma coincidência no ponto de ônibus ou de uma briga de trânsito. Pode nascer de uma raiva, ou de uma antipatia que vira do avesso e surpreende em amor.
Mas também pode acabar em uma traição, em um descaso, na separação de corpos pela distância, com o desrespeito, por causa do cônjuge, por causa da família, por causa de preconceito, de falta de caráter, de mentira ou preferências. Podem ser coisas sérias ou banais, mas amizades acabam.
O mais engraçado é o efeito que isso pode surtir em uma pessoa. Geralmente no início ficamos sentindo falta, como se algo estivesse muito errado e fora de contexto. A vida muda, os roteiros mudam. Lugares deixam de ser frequentados, colegas deixam de ser cumprimentados, músicas saem de playlists, como uma separação de casais. Ou quem sabe, só não se falam mais, nada muda na rotina, mas por dentro, a casa ficou com cheiro de livro velho e o quintal criou erva daninha.
Se desfazer de uma amizade por defesa ou ver alguém se desfazer de você por capricho é ruim, não importa qual o grau de rompimento, alguma coisa dentro fica oca.
Porém, estar de fora te cura. Ver de outro ângulo ajuda, limpa, acalenta. Desfaz preferências e te renova, te deixa pronto pra novidade.
Quando você já não é mais amigo, você percebe que não fazia tanta falta assim, começa ver os defeitos insuportáveis e entende que se a vida levou embora é porque não acrescentava muita coisa.
Você vê que aquele jeito de falar era mesmo um pouco de arrogância, que aquele hábito era uma mania chata, que a tristezinha era excesso de melancolia e complexo de inferioridade, que aquela desculpa era uma grande mentira. Que você foi paciente, mas que agora consegue lidar com essa distância.
Há quem diga que essa aversão que nasce depois da separação é um mecanismo de defesa, mas eu acredito que isso é um tipo de "óculos" que deixa nossa percepção mais aguçada. Ou talvez a falta de amor verdadeiro nos deixe mais descrentes das qualidades da pessoa que se vai.
É importante só não deixar que essa visão ampla nos deixe raivosos, implicantes a ponto de perder a educação e a racionalidade. Como quem não é mais amigo e acha defeitos em tudo a outra pessoa faz, ou quem começa a fazer coisas e dizer coisas só para contrariar o outro, isso baixa o nível.
Mas eu acredito que no desfazer de uma amizade há uma parte muito boa, que é a devolução do nosso senso crítico e a capacidade de escolher refazer ou não aquela amizade, avaliar se vale o reinvestimento ou se deve realmente ser deixado de lado.
É bom lembrar que sem uma explicação de fácil compreensão, Deus por muitas vezes tira gente boa do nosso caminho simplesmente porque a junção de quem somos com quem elas são não dá um bom resultado. Vale ressaltar também, que todo o tempo nessa vida é insuficiente para conhecer alguém completamente e que temos que saber quem colocamos em nossa casa, em nossa família, em nossas escolhas, em nossa intimidade.
Às vezes por ser diferente da expectativa de um amigo, você vai ser deixado de lado. Por ser mais ou menos conservador, por ser mais ou menos altruísta, por ser mais ou menos inteligente ou por qualquer coisa do gênero. Mas também temos que lembrar que sempre, não importa quando ou como haverá um amigo certo para nós além de Deus que é o melhor amigo que se pode ter por ser multiforme em personalidade e imensurável em compreensão.
Um amigo bom não é necessariamente igual a você e nem pode ser completamente diferente. Uma amizade por ter início e fim ou pode durar uma vida toda. Não dá pra saber ao certo, isso é incalculável. O que dá pra saber é que nenhum investimento é perdido quando se trata de amigos, por mais que eles não mereçam nada do que você fez, existe um crédito que fica pairando no coração de Deus pela sua boa vontade e pelo amor oferecido.
Se um amigo resolver ir embora ou se afastar de você, entenda, Deus está te dando uma oportunidade de entender a ótica dEle, quer que você veja além do sentimentalismo, mas que veja as coisas com clareza e quando você for capaz de distinguir o bom e o ruim que há naquela pessoa, você pode repensar sua amizade e decidir se vale o esforço de reconquistar/reatar ou se é melhor deixar que a vida siga seu curso e você conheça outras pessoas que preencham seus dias.
Não é deixar de amar, sentir raiva ou desprezo, é amar de longe querendo o bem sempre, mas evitando intimidades para não se machucar e nem machucar a outra pessoa.

sábado, 8 de março de 2014

ÀS MULHERES

Um feliz dia da mulher para aquelas que acordam cedinho para trabalhar, para as mães solteiras, para as viúvas e solitárias. Feliz dia da mulher para as avós que criam os seus netos, para as tias que mimam seus sobrinhos. Feliz dia da mulher para aquelas que perderam sua vivacidade e hoje vivem nas ruas. Feliz dia das mulheres que estão em presídios porque foram envolvidas em crimes ou porque se envolveram porque quiseram mesmo. Feliz dia da mulher para a mãe que passa madrugadas orando pelo filho que está no crime, para a mãe que tem que passar pela humilhação de uma revista no presídio para ver seu filho. Feliz dia das mulheres para as que estão em leitos de hospitais, padecendo. Para as mulheres que são boas e para as que não são tão boas assim. Feliz dia das mulheres para as que perderam seus seios e cabelos com um câncer, para as mulheres que perderam seus maridos que estavam em missão no Iraque. Feliz dia das mulheres que sofreram mutilações, para aquelas que perderam um braço (homenagem à Maria Oliveira), pernas e até aquelas que tem sua intimidade mutilada por conta de suas culturas cruéis.
Feliz dia da mulher para as líderes do lar, para as mães de filhos especiais que quase não tem tempo para si mesmas.
Porque Deus ama muito essas mulheres, sendo elas boas ou não. Não pode existir um "feliz dia da mulher para a mulher que sabe ser mulher", porque isso não é questão de saber, é de ser mesmo.
Que o Senhor alcance-as em lugares que nem imaginamos. Que sejam curadas de suas doenças e que tenham sua autoestima restaurada, que andem em liberdade, que conheçam ao Jesus que impediu uma mulher adúltera de ser apedrejada e que estancou o fluxo de sangue de uma mulher e que foi amigo com uma mulher samaritana. Que conheçam ao Deus que instituiu Eva a progenitora do mundo e fez de Sara mãe de uma grande nação.
Feliz dia da mulher para aquelas que nem queriam ser mulheres, que elas entendam quão bom é ser parte de um projeto do próprio Deus.
Às gordinhas e às magérrimas que sofrem bullyng, às negras que infelizmente ainda tem que lidar com o preconceito de pessoas ignorantes, às menos providas de beleza que tem que enfrentar seu próprio preconceito consigo mesmas, às solteiras que acreditam que existe algo errado com elas e por isso não se casaram, às que receberam uma educação ruim e hoje tem seu caráter distorcido, às mães que estão com depressão pós-parto, às que foram violentadas, às que tem problemas psicológico e/ou espiritual, às que tem dinheiro e não tem paz... enfim, à todas, sem exceção, FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MULHER.