Ana Vífer

Ana Vífer

quinta-feira, 1 de março de 2012

Indolência


As coisas mudaram por aqui e tudo mesmo assim, parece igual.
Minha indiferença é quase palpável, como se eu pudesse tocar minha falta de sensibilidade, como se eu estivesse docemente mentindo para cada um desses detalhes, acho que estou me escondendo dentre os vãos que a inexistência do impulso me deram. Talvez eu só esteja sendo cega por uns momentos, enquando as coisas não mudam com força do lugar, talvez seja isso.
Não sei mais se quero voltar a ser intensa, talves minha inércia seja boa, talvez minha indolência seja só o que eu precisava pra roubar meu sossego das suas mãos.
Quem sabe eu esteja me perdendo? Ou talvez esteja me encontrando.
Eu sentia saudade, agora não sei mais o que significa essa palavra, eu sentia desejo, agora não sei mais como é o gosto disso.
Acredite, isso não está me fazendo mal, talvez faça mal quando eu acordar desse sonho da liberdade de querer e de gostar. Seja lá o que for esse buraco, me sinto alada, me sinto esvoaçante, me sinto simples, me sinto serena. Seja qual for o nome dessa sensação, seja lá quanto tempo isso vai durar, sei que pés no chão hoje não são para mim.
Não me sinto encantada, nem apaixonada, nem fascinada... Eu não sinto nada, é um vazio gostoso de sentir, porque ele não dói. Me pergunto até quando vai durar, porque coisas assim não duram muito tempo, sempre alguém ou alguma coisa vem para preencher.
Mas eu quero sair assim, de papo pro ar, sentindo o sol arder na pele como se amanhã fosse um pedaço da vida para não se pensar, esquecendo aos poucos de ti. Perder a noção do tempo comigo mesma, de fones no ouvido, esperando um trêm que me leve pra qualquer lugar onde a paisagem me faça lembrar cada vez menos que tenho você pra me lembrar.
Está bom assim, está bom pra mim... Ser mais livre de mim, mais senhora de nós.

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