Ana Vífer

Ana Vífer

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Do nosso amor, poetizado e vivo.

Eu que andava dura, calada, crítica, sismada. Não ria por bem, sorria como quando um menino vê o tombo de alguém. Eu que ironizava os sentimentos alheios, ainda silenciosa pedia a Deus de joelhos que pudesse me dar freios. Sem onde ir, eu preferia ficar no meu quarto onde eu mandava, mas a verdade é que tão só com meus livros ficava e não sabia sair, mesmo querendo muito ir. Ir procurar novos horizontes, pessoas que riem aos montes, alguém que risse pra mim, só pra mim, simples e ingênua como eu vim. A solidão é a cura para os que precisam desesperadamente sentir o amor, mas também é a dor quando o tratamento acaba, seu mundo desaba e você precisa correr pra se abrigar nos braços de alguém que como ninguém posso te segurar. Corri em círculos, meus circuítos estava começando a pifar, fugia de mim, das noites sem fim que eu ficava a imaginar sua doce loucura, sua ternura ao me elogiar em meio à suas farpas e tapas, nossos beijos estavam pra chegar. Tão lindo, sorrindo, sorria eu também em um piscar. Em um simples cumprimento, meu involuntário movimento sem que você visse era repousar, repousar meus dias maus no seu humor, enfim, inesperadamente recheado de amor. Lutava minha cabeça com cabeçadas, brigava meu coração com argumentos, conversando com meu estômago que vivia a borboletear cada vez que um "boa noite" ficava a ressoar até meu amanhecer, quando eu queria meu acordar suscitado por você. Deus! E como não reconheci? Como sobrevivi sem te deixar encostar na esquina do meu coração, frio, vazio e sem iluminação? Não quis dar o braço a torcer, mas quando sua ausência começou a doer eu me rendi, eu percebi, eu reabri a porta e o sorriso da minha vida até então sem sentido. Meu amigo, quando a madrugada dançava em solidão. Meu querer, quando a indecisão bastou pra eu ver você. Minha entrega, quando eu quebrei todas as regras. Meu amor, quando eu nos fiz esse favor. Então cá estou eu, finalmente desbrutalizada. Quem me olha mal pode crer que sorrio toda vez que falam de você e que ando comovida com declarações puras, me auto-denomino "sua" e daqui não sei voltar, não quero e não vou. Poesias ficam literais, às vezes alguma música se desfaz mediante seu jeito de dizer "meu amor". Eu tinha medo de acordar do sonho, mas é real demais e quando eu olho para trás vi que o pesadelo estava lá e o melhor que vivo hoje é acordada esperando a hora de te encontrar.

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