Ana Vífer

Ana Vífer

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Valei-me, Deus!

Ele alí parado, safo, contido
Eu aqui solta, aberta, doce
Quisera eu dizer não, mentido
Devia ele ter me deixado, que fosse
Fosse ele para longe dos anseios apaixonados
Reservando meu coração da dor, de olhos marejados

Não teve dó, nem pesar
Não vi o nó, não pude pensar
Tornou-se simples me machucar
Valei-me, Deus! Deveras as dores hão de larejar

Agora que tenho memórias de um amor morto
Cuide para não ser alvo da flecha deste
Desvie do caminho curto e torto
Porque a misericórdia da vida perdeste
Ao plantar no coração de uma mulher a sina
De não sentir mais amor como uma menina

Vá em paz, me deixe assim
Tenho algo melhor, um sonho, um Deus
Um destino sorrindo pra mim
Um homem, filhos só meus

Ora, que o céu não enegreça como anda o meu
Mas que tenhas êxito, que se endireite
Que compreendas as mazelas ao que o amor se rendeu
E que em seios castos se deleite
Pois o ontem onde fostes rosa não existe mais
Cravo és, maria-sem-vergonha na beira do cais

Lembrarei menos de ti, viverei o porvir
Com gestos de esperança, canto de prazer
Amanhã hei de novamente sorrir
E desse adeus definitivo fatalmente me esquecer.

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