Ana Vífer

Ana Vífer

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Nem felicidade, nem descontentamento.

O que fazer quando você se depara com um buraco?
Quando simplesmente não há paredes que o contenha, nem teto que o abrigue, não há porta que o proteja, não há chão que o sustente?
O que fazer quando fica tudo tão vazio e nada do que acontece ao redor é suficientemente grande para suprir a lacuna da vida?
Desconheço agora a satisfação e mesmo a satisfação comigo não tem mais interação. Há um vácuo sentimental, um eco dentro do coração, e me sobra fôlego por isso. Correr em campo aberto, sem tocar os pés no chão não me faz cansar, não me faz suar, não tonifica minha alma, não exercita meus sentimentos.
Não existe saudade, não existe desejo e nem falta de interesse. Não existe choro e nem sorriso, não existe atitude e nem inércia, nem felicidade e nem descontentamento. Não há nada, talvez costume, mas costume significa ausência de atitude... Minha ou da vida.
Quantas vezes vou pegar a trilha circular? Quantas vezes me deparar com a mesma paisagem? Quantas vezes me equilibrar em um fio de vento solto pelo ar?
Quero chão, casa, sossego, amor, apego, família, destino, realidade, quero enfim me cansar.
Preciso sentir os pés no chão, a arrogância de uma chuva de verão, o rigor de um frio no inverno, o sabor de cada fruta do outono e o cheio das flores se abrindo na primavera. Justamente agora, não quero mais pairar em projetos, não posso mais esperar que aconteça, eu quero ver acontecer. E só vou descansar quando viver a vida me fizer salivar de desejo por viver.

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