Ana Vífer

Ana Vífer

terça-feira, 17 de maio de 2011

Agora notei

Foi a pressa.
Insensata pressa. Ela nos sugou, nos deu pouco tempo para entender.
Foi a vontade.
Inexpressiva vontade, intercalou caridade, intimidade e falta de direção.
Não parei para notar que um dia senti falta, não li bem o que dizia a placa, apenas continuei andando.
Foi muito tempo sem olhar ao redor, eu olhava para baixo focada em apenas não tropeçar. Conheci as faixas da estrada, fui e voltei, sempre soube onde pisar. Mas não vi a paisagem, não sentei na grama, não senti o vento e não parei para pensar.
Segurei nos postes, meu destino sempre esteve direcionado em olhar o chão, só o chão, cinza-grafite.
Andei por cima de ti, abaixo de mim, entre nós dois, mas não olhei você, não ouvi e não senti você. Pena, senti de mim agora, do passado que desperdicei.
Porém, feliz escrevo, aliás, vos escrevo, porque calada não tenho serventia: Agora notei.
Usando de novo plano de fundo, não descrevo mais paisagem, estrada, tais coisas bucólicas. Uso o literal.
Agora é calma.
Deliciosa calma, me levou pra longe, me deu tempo para levitar, tocar o céu, sentir seu ar.
Agora é saudade.
Revitalizante saudade, regada a cheiro, gosto e luar. Saudade que não tinha jeito de se enxergar, agora é clara como nunca vi.
Cuidado teve de mim, nunca o vi assim. Sobre tuas pernas as minhas repousam sem pecado ou coisa assim, foi meu pensar em teus ombros, reforço que foi cuidado de mim.
Finalmente, deixo claro que é raro evitar, digo, impossível não voltar a viver você.

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