Ana Vífer

Ana Vífer

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Menos ácido!

Vivemos contando passos alheios, recrutando métodos de conduta. Vivemos calculando atos de sobriedade e bom caráter.
Vivemos cobrando transparência, cobrando menos hipocrisia, menos falação, menos julgamento. Vivemos lutando para que todas as pessoas sejam exatamente como nós somos. Queremos viver rodeados de pensamentos iguais ao nossos, mesmas causas, mesmas lutas, mesmos assuntos, mesmos dilemas, mesmo sonhos e consequentemente, menos identidade.
Nós sempre queremos uma sociedade perfeita, mas somos incapazes de nos cobrar pela nossa maneira de pensar. Eu mesma, se pudesse, teria pessoas com cérebros funcionando exatamente como o meu funciona, viver rodeada de pessoas parecidas comigo.
Nós somos pequenos e nossa pequenice é expressa na aversão pela diversidade. As pessoas deixam de gostar por discordar de alguém, deixam de amar por não aceitar a criação de alguém, deixam de querer porque não aceitam os pensamentos de alguém. E o pior de tudo, deixam de respeitar os desejos das pessoas simplesmente porque discordam.
É normal discordar daquilo que fere, que é ilícito, que é feio, que é violento, que prejudica os outros... Discordar de coisas assim demonstra bom senso. Mas é ruim que ainda estejamos discordando de personalidades, como elas pudessem ser mudadas pelas nossas mãos. Como se pessoas fossem feitas de massinha de modelar, onde empregamos nosso estilo de vida nelas, fazemos delas androids programados para ser uma cópia de nós.
Por experiência própria descobri que os que mais criticam, são os maiores alvos de críticas porque abrem precedentes pra isso, simplesmente colhem o que plantam. Hoje me policio para criticar menos, para me calar mais, aprender com o silêncio. Deixo minha malícia e minha crueldade serem abafadas e mortas pela minha sensibilidade e compreensão. Aprendi a requerer menos das pessoas, porque elas são o que faz o mundo ser completo. Tem sempre alguém que gosta da pessoa que você não gosta, tem sempre alguém que vê beleza naquele que você não vê, tem sempre um que seja, que é atraído pela personalidade que te irrita e tudo isso porquê ninguém precisa ser igual a ninguém, é justamente o contrário, cada um precisa ser o que realmente é e se auto-aperfeiçoar por si mesmo e não para se moldar a qualquer opinião ignorante (pelo fato de conhecer pouco) que seja.
É nessa perspectiva que chegamos ao princípio de que quem andará com você, andará por gostar de quem você é e mesmo vendo algo que incomode, suportará por gostar de você.
Não sejamos sombrios, não tenhamos tendência a humilhar ninguém, não sejamos críticos demais, não sejamos o tempo todo maliciosos. Vamos desconfiar na medida certa, falar do que vimos e sabemos de fato, e se por acaso surgir uma crítica, que seja sobre quem realmente conhecemos a fundo.
Ninguém sabe com perfeição as intenções de ninguém até conhecer bem. A acidez dos nossos pensamentos deterioram nossa personalidade.

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