Ana Vífer

Ana Vífer

sábado, 23 de abril de 2016

Visceral

Eu não consigo conter, mais do que a superfície, eu vou até as vísceras.
É o bombear do sangue, glóbulos vermelhos e brancos numa dança flamenca.
É a pupila dilatada, a imagem captada em um zoom, é decifrada em segundos pelo cérebro que aciona tudo, liga tudo, encharca, entumece, faz eriçar.
É o estômago borboleteando, suco gástrico vulcânico.
É o paladar, as papilas gustativas enroscando-se em gosto de quê?
Deveras, amor, é químico. É arma biológica.
O que mais não consigo conter é que além de uma plataforma, eu vou até o cerne.
É o amor.
O amor que contorna os lábios num batom.
O amor continua intacto após tantos cactos que nascem no solo da relação.
O amor que desqualifica o temporário, dá lugar ao eterno sem contar cada dia que passa.
O amor que é novo, mesmo assim, faz 10 meses, 10 anos.
O amor é que é visceral, é ele que arde nas entranhas.
Paixão toma vida como uma planta, qualquer relva mata, qualquer inseto come, qualquer pisada esmaga.
O amor não é isso, o amor é o sol... compreende-se por si só, poderoso e imponente regente.
Por isso não consigo me conter, por isso não posso segurar.
O amor me deu a tão sonhada liberdade de me enclausurar.
O amor contém anticorpos, suporta a febre, reprime a dor, cura.
O amor é como o funcionamento dos rins, é como a sustentação que os ossos dão.
O amor pode parecer fraco com o passar do tempo, mas é realmente como o corpo: parece velho, mas isso é só o desgaste causado pelo tempo, é só experiência, só sabedoria.
O amor vai ainda mais fundo, ele é o fator não detectável, nada microscópico, ele  é crença, é decisão, é a ALMA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário